quarta-feira, 9 de março de 2016

Poema com Jazz


Tela negra de cromatismos nupciais

O vinho escorria da montanha e a mesa estava posta.
O pintor acariciava a tela diante de uma mulher nua,
E uma gota de suor escorria-lhe na face.

O quadro negro da janela com a noite por trás,
Reclamou o seu silêncio por uma coruja que passava perto
Em direção á montanha, guinchando.
A mesa estava posta com a noite a reclamar o seu silêncio,
E pintor sentia o mundo diante da mulher nua.

O eco com que a noite reclamava o silêncio
No coração do homem que o pintava,
Era o mesmo silêncio que a mulher nua via.

E na janela uma luz que se apaga a anos-luz,
Com tempo de sobra para que o homem
E a natureza sejam eternos,
Com tempo de sobra para que o pintor
E a mulher nua sejam uma e uma só tela.

No tempo em que o pincel da história
Se entretia com pajem e príncipes,
Já a janela era o perfeito quardro dos homens.
E e que o pintor pensava o mundo
Antes de qualquer quadro.

E a mesa posta na mulher que a reclamava
E a mesa posta no homem que a reclamava
E ambos viam a mesma coisa,
Tal como a noite e a janela viam de coruja pendurada ao ventre.

Diogo Correia


Nota Importante: Ao clicar no nome do autor, o poema dá jazz!


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