terça-feira, 1 de novembro de 2016

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

HISTÓRIAS DA TERRA ENCANTADA
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Através dos vestígios que esses nossos antepassados nos deixaram. 
Bem, vestígios dos mais variados tipos. Para os mais antigos estamos a falar apenas do que restou dos seus próprios corpos. 
Sim, os ossos, mas também dentes, por exemplo. Em qualquer dos casos quase sempre apenas partes do esqueleto ou especificamente dos maxilares correspondentes. 
Muito mais tarde, à medida que esses seres foram descobrindo formas exteriores aos seus corpos de se auxiliarem para a satisfação das suas necessidades e, especialmente, depois de inventarem ferramentas para procurarem alimentos, a partir de então começaram a deixar também esses indícios da sua presença. 
Em pedra, pois claro. São as mais antigas que se conhecem. 
É possível que tenham usado outros materiais, por exemplo, provenientes do reino vegetal. Mas se o fizeram, ou não chegaram aos nossos dias ou, se por ventura ainda existirem, pelo menos por enquanto, nós não somos capazes de os reconhecer como objectos que, de algum modo, tenham sido manuseados pelos nossos mais remotos ancestrais. 
Boa pergunta e dir-se-á, com alguma segurança que, para um não especialista, nem sempre será fácil proceder a essa distinção entre as pedras que foram e as que não sofreram qualquer alteração intencional provocada pelo homem. Mas a actividade científica habilita-nos a identificar com alguma certeza as pedras que foram objecto de intervenção desses animais. 
Há lascas, só para olharmos um caso, que só poderiam ser obtidas a partir de certas fracturas provocadas por uma acção exterior que, se fosse fruto de causas naturais, certamente não produziria, tal como se verifica em centenas de exemplares, os mesmos efeitos. Daí que seja de presumir que a autoria decorra da mesma espécie e manifestamente com o propósito de criar esses mesmos utensílios. 
Tal como dizes. Com a passagem do tempo, o que neste domínio significa uma escala de dezenas, centenas de milhares de anos, foi com o acumular das experiências de inúmeras gerações que essas criações culturais se multiplicaram e, por isso, os vestígios que hoje podemos encontrar não são só em maior número como mais diversificados e a partir de uma dada altura, não apenas em pedra mas também em outros materiais. 
Osso, por exemplo. 
Sim, para estas épocas, digamos assim, mais recentes, continuam a ser da máxima relevância os restos físicos, propriamente ditos, desses seres. Mas a esses juntam-se esses outros testemunhos fruto da actividade cultural da espécie e que vão desde ferramentas aos restos das mesmas, até aos próprios lixos que esses grupos foram produzindo e abandonando. 
Pois, tudo isso é obtido através das pesquisas e dos estudos científicos, mas isso ficará para a próxima conversa, pode ser?

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