A AVARIA DO ESQUENTADOR
E Putin lá ganhou as parlamentares na Rússia.
Os resultados são aceites por todos e ninguém fala de falseamento dos mesmos ou de falta de liberdade de acção durante a campanha.
Mas a prisão de alguns oligarcas terá deixado certa oposição mais desprotegida e, em termos de capacidades de campanha, mais fragilizada ao nível dos possíveis financiamentos. Além disso, o controle da comunicação social por gente da confiança do Presidente e do seu partido terá certamente exercido as suas influências para o desfecho que veio a verificar-se. A democracia é titubeante naquela federação inter-continental e isto não só pela sua juventude; há também a herança soviética que se traduz pelo reduzido número de democratas convictos.
Não estranha pois que os comunistas tenham sido claramente derrotados e que os tecnocratas ligados à abertura económica e que ali dão pela designação genérica de liberais quase tenham desaparecido do mapa pluri-partidário dos que têm assento parlamentar. Apesar disso, Girinovski, se bem que enfraquecido, manteve-se à tona de água. O seu discurso xenófobo e nacionalista permanece assim latente, muito embora, por enquanto, em certa medida contido pela própria actuação dos vencedores.
Contudo, o estado de direito não é uma realidade naquela constelação de povos e culturas e o poder das máfias é suficientemente grande para se apoderarem ou pelo menos imporem os seus desígnios em importantes centros de decisão.
Com esta vitória dos seus partidários, Vladimir Putin vê melhorar as perspectivas de ser reeleito nas presidenciais do próximo ano e, pelos vistos, tudo indica que é a principal barreira às pretensões dos interesses mais esconsos. Parece-me ter aspirações de igualizar os velhos czares que trilharam o caminho para a grandeza da Rússia; a ambição que manifesta aponta para a vontade de recolocar o país no estatuto de grande potência mundial.
Exactamente por isso, o mundo não dormirá descansado enquanto os russos sentirem o frio nas barriguinhas dos seus filhos.
O Ocidente não teve homens à altura quando o Muro de Berlim caiu.
E por cá continuamos a assistir ao triste espectáculo de um país sem rumo.
Os estudantes da Faculdade de Direito fecharam as instalações a cadeado.
E não é que para além do preço das propinas, protestam contra o facto de a nota de acesso à oral ter descido para sete valores?
Pois eu espero que a Professora da Matilde não seja tão indulgente.
E hoje os alunos fizeram exercícios com palavras, ao que se seguiu uma ficha de avaliação de Matemática.
O meu pardalito já escreve sem recurso a cábula.
Afinal, o esquentador não tinha qualquer avaria.
O técnico da assistência veio cá, olhou e… Mudou a pilha.
Parece que a Matilde ultrapassou a fase em que amuava quando os jogos não lhe corriam de feição. Curiosamente, o mesmo sucedera com a irmã, mais ou menos por volta da idade que a mais novinha tem agora.
Nestes últimos dias, tenho reparado que as partidas de ludo e outras do género decorrem sem qualquer contestação dos números que os dados apresentam.
Apesar disso, antes do jantar, preferiu brincar sozinha com os tractores da sua quinta enquanto a Margarida e a Beatriz jogavam monopólio.
“-Ó pai, o que é que quer dizer dengoso?”
A chuva persiste em remeter-nos para os interiores, mas a Lua, a espaços, faz-nos caretas por detrás de uma cortina que a sua luz arroxeia.
“Por você vou roubar os anéis de Saturno.”
E não é que eu concordo com a Rita Lee, meu amor?
Alhos Vedros
09/12/2003
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