sexta-feira, 25 de novembro de 2016

“Repentina Veloz Troca De Olhares E De Reflectidas Intenções Divinatórias E Celestiais”


Corro veloz para o mergulho directo do alto de um penhasco para uma cama de pregos Espalmo pés e mãos por todo o lado por onde passo nas paredes e muros Engulo em seco o contracenso e vomito pelo chão o orgulho inglório Sorvo pelo leito do mar os pólipos dos recifes em tempo de desova aos milhões Contraceno de repente com palhaços inconscientes da realidade do quotidiano às centenas Quase adormeço em meu habitual andamento sonâmbulo e quase dou comigo a despertar Alego não ter tempo para nada e nem para ver o Céu ou às quantas horas ando ou desando Rasgo o cartaz exposto no gigantesco painel publicitário de abusos alcoólicos Remexo-me ébrio que nem um cacho de uvas ressequidas e secas de qualquer suco Pisoteio a centopeia com ela a tentar coçar a espinha dorsal com algumas das cem patas Carrego a consciência pesada e um enorme elefante africano distraído às costas Retiro da cabeça tatuada a tampa craniana e a carga duvidosa contida no seu interior Transformo a matéria física a mim adjacente em algo útil que se coma e vista Desmaterializo e materializo que me farto muita coisa com um mero gesto do pensamento Revolvo a pilha atómica de material inadequado que me envolve para venda na Internet Olho para o que se reflecte no espelho dos olhos de alguém e guardo o conteúdo na memória Renovo ambos o capuz e a carapuça de uma vez só do baú fechado sem maneiras e à pancada Embarco sem meter um único pé a bordo numa aventura num navio fantasma sem rumo Navego só com um compasso em terra firme sem qualquer esforço e de vela acesa em riste Marco a diferença unicamente com o envio aleatório de sinais gestuais e simbólicos Amasso muito bem a massa multidimensional e funcional que nos constitui a todos Embrulho e encaixoto a mistura da força de vontade e do conjunto de circunstâncias juntas Unifico o estar e o ser ou não numa taça única de champanhe dos mais onerosos Deixo pouco depois cair os dinheiros e os supostos valores morais na calçada Abro o bolso e o Espirito Santo deixando deles saírem fluxos de misteriosa luz índigo Brinco variavelmente com palavras e frases e sentenças de condenação geral atípica Enfio-me de Alma e com a aura violeta e com tudo o mais numa ampulheta do tempo Envergo bem alto vergado uma bandeira feita com argila e em tecido de fibras de verga Paro a determinado ponto como um cavalo de corrida em busca do torrão de açúcar Expiro e inspiro a intervalos curtos e acelerados após atingir os limites e a meta Porto-me como um atleta depois de abusivo consumo intravenoso de anfetaminas Interligo a fluidez contínua de meu sangue suspeitamente azul à panela de escape Mando coser em uma máquina manual de costura antiga as roupas para amanhã Atrevo-me a sair para o meio da rua no dia seguinte aos gritos e sem razão alguma Tudo só para que possa sorrir de alegria ao apreciar os horizontes marinho e celestial… Escrito em Luanda, Angola, a 24 de Novembro de 2016, por Manuel (D’Angola) de Sousa, em Homenagem ao Navegador Fernão de Magalhães, ao Explorador Silva Porto e ao Almirante Gago Coutinho e a tantos outros intrépidos e destemidos Aventureiros da Grande Aventura Humana, e sobretudo, pelo desempenho de enorme valia e realce de ambos e pelas respectivas contribuições no elaborado e acurado trabalho de cartografia e mapeamento (geográficos) de uma boa parte dos Territórios e Regiões espalhadas pelo Mundo, outrora sob administração Portuguesa…

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