quarta-feira, 16 de novembro de 2016

S. Martinho, justiça e liberdade


Risoleta C.Pinto Pedro

Perguntamo-nos o que é a liberdade, se existe, se somos livres, de que modo podemos aproximar-nos disso que consideramos ser a liberdade. Se me sento ou não se sento, se vou pela esquerda ou pela direita e digo que isso é a minha liberdade, talvez os outros acreditem. Mas eu acredito nisso? Falo alto porque tenho a liberdade de o fazer, ou porque estou irritadíssima e o fígado quer fazer-se ouvir mais alto do que eu? Se uma vez admitindo que estou irritada com o que aconteceu ali naquela esquina, quem me garante que o que ali sucedeu não foi apenas um eco do episódio dos seis anos, por sua vez um eco do episódio dos seis meses, pro sua vez um eco do episódio de …? Ou de antes… ?

E que tem isto a ver com o recente e inocente S. Martinho, o do dia das castanhas?
Conta a lenda que ao ver um pobre com frio, num dia de chuva, com a sua espada cortou a própria capa ao meio para com ela cobrir o sem abrigo. Nisto, deu-se o milagre. O mau tempo parou. Daí, o verão de S. Martinho. 

Que tem isto a ver com justiça, com liberdade?
É a espada. A espada e Marte. S. Martinho foi baptizado por Marte. Mas o seu coração está tão temperado de compaixão, como o metal da sua espada foi temperado pela forja do amor. É o coração que dita o gesto deste Marte ou Martinho bem temperado como castanhas portuguesas.

O Marte destemperado não é guiado pelo coração, mas pela mente. Pelo medo. O gesto livre é justo e parte do coração. O gesto condicionado é injusto e parte da mente. O gesto ditado pelo generoso amor dá o verão de S. Martinho. O gesto ditado pelo ambicioso medo dá o aquecimento global. Esse, que agora é moda dizer-se que não existe.
Vejas as diferenças, como nos passatempos do jornal. E deixe as notícias. 

1 comentário:

Naturallys disse...

Muito bom. Adorei!!!
Cumprimentos
Juvenal Silva