AS MINHAS PRIMEIRAS FÉRIAS
E as férias estão a chegar ao fim, com dias solarengos que mesclam a lezíria de brancos e amarelos de encantar; amanhã começa o segundo período.
No entanto, estou certo que o trabalho será naturalmente cumprido com o ânimo de quem encheu o espírito com brincadeiras e devaneios de um João Pestana ao outro.
E o vento, esta tarde, tomou a liberdade de pintar um fundo de azul no céu.
Tarde que foi de separação da família o que também faz bem.
A Amélia convidou as miúdas para irem ver o Nemo com a Beatriz e, claro está, mesmo em face do bis, elas aceitaram de imediato.
A Luísa também se dirigiu para o cinema para ver uma película com a Lúcia Moniz.
Eu, como tinha de escrever um artigo e passar outro para a disquete, fiquei em casa.
Desastre aéreo no Egipto sobre as águas do Mar Vermelho.
A tripulação e os cento e quarenta passageiros encontraram a morte depois de uma queda que ainda não tem explicação certa.
Como a maioria eram turistas franceses, a França está de luto.
E agora discute-se a liberalização dos preços dos combustíveis.
Para já, as preocupações vão no sentido do aumento dos preços que isso acarretará. O Presidente da DECO alertou para a previsível alta no interior onde, naturalmente, a procura é menor.
Pois quanto a mim não me parece que existam motivos para alarme. Este é um dos níveis em que os mercados costumam funcionar no sentido do equilíbrio e do melhor serviço ao Cliente e depois não nos podemos esquecer que a concorrência acabará por se fazer entre postos de abastecimento e não apenas entre as marcas. A médio prazo, é de esperar que, se as alcavalas dos impostos não influenciarem o processo, as baixas no preço dos combustíveis se venham a traduzir em diminuições de custos para os consumidores.
Quanto aos prejuízos para o interior, a acontecerem – de todo indesejáveis já que avolumariam os custos da litoralização do país – será da competência dos poderes políticos tomarem as medidas necessárias que permitam dirimir um tal impacto negativo.
Mas como em Portugal nunca se sabe, o melhor será esperar para ver.
Pois lá para os lados da Geórgia tudo indica que os reformistas ganharão as eleições, mas o mais provável será continuarmos perante um regime de opereta. É que nas regiões autónomas continuam governos que não reconhecem o novo poder e, ao contrário deste, insistem em permanecer na órbita de Moscovo. Além disso, a corrupção é endémica por aquelas paragens o que corta as pernas à democracia mal esta se levanta.
Tudo isto é resultado da falta de coragem com que no Ocidente se deixou cair Gorbatchov e toda uma economia em colapso e a saque, sem qualquer plano de ajuda e reconversão, sem que o necessário controlo das garantias de contra-partidas políticas e sociais sequer tivesse merecido um debate, quanto mais definido e posto em prática.
E enquanto a Rússia não estabilizar uma sociedade democrática, a antiga constelação do Império Soviético permanecerá um buraco negro para tudo o que a nossa civilização tenha de pior.
Também na Sérvia decorre uma disputa eleitoral e igualmente existe o perigo de uma deriva caótica numa sociedade em que o pensamento e a cultura democrática são incipientes e o discurso nacionalista continua a fazer sentido.
Salva-se a aproximação inesperada entre a Índia e o Paquistão que decidiram conversar sobre Caxemira.
E amanhã lá os meus anjinhos retomarão as suas responsabilidades.
Tranquilidade e empenho são esperados com toda a naturalidade.
Eu nunca me esqueço de agradecer a Deus as queridas filhas que tenho e de Lhe pedir que as Ilumine.
Louvado seja Ele.
E com isto, a Matilde cumpre as suas primeiras férias.
Alhos Vedros
04/01/2004