sexta-feira, 27 de agosto de 2010

o homem da mota

correr, correr, correr contra a parede
na parede do país pela queda lúcida
os anjos sem voz, a música do ar
quando na estrada agarrei-me à vida
tanta árvore, tanta vida quando a
luz acontece o silêncio dói no suplício
um saleiro transparente, salsa, coentros
um dia feliz é o tempo das vacas
a ilusão de que não somos animais
a minha vida nasceu para plantar
árvores e cuidar dos grandes cavalos
da terra e das conversas saímos
do céu alados – uma estrada grande
entre os cheiros da cozinha, nasci
no fojo sei, junto ao mar ás ondas
os peixes cegos na pontualidade
da série ilimitada eu sou a casa
grande a pele de cor violeta verão

vou a pé ao longo das palavras
chego à fábrica das sardinhas e sigo
até à praia com o homem da moto

José Gil
http://joseamilcarcapinhagil.blogspot.com

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