segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

DEMOCRATAS, DEMOCRATAS, NEGÓCIOS À PARTE

Vendas Novas, 12 de Dezembro de 2010

DESCULPEM se me repito. Já o disse várias vezes: em toda a minha vida, que já vai longa, conheci milhares de pessoas, mas fosse por sorte, por azar ou por razões magnéticas, nunca me foi dado conhecer um só democrata que fosse, embora muitos jurassem a pés juntos e sem fazer figas que o eram. Muito. Desde pequeninos.

Vejam que até o Marcelo Caetano dizia que era democrata e que democrático era o seu regime. Uma «democracia orgânica». Pois.

Mas as coisas podem ser vistas de uma outra maneira: podemos dizer que todos somos democratas enquanto não nos pisam os calos. Isto é válido para os indivíduos e é válido para as nações, porque democratas, democratas, negócios à parte.

O centro democrático de torturas, instituído na ilha de Cuba pelo protótipo da democracia globalista que são os USA, essa coisa a que chamam Guantánamo, só foi possível pelo silêncio cúmplice das mais conceituadas democracias (e até alguma colaboração activa); as mesmas nações que colaboram agora na perseguição indecente, perversa, cínica e iníqua ao jovem mal comportado que incomoda aqueles que nos têm tentado ensinar que é pela liberdade de expressão (ou pela falta dela) que se distinguem os regimes democratas daqueles que o não são. Se há leis violadas, então os tribunais que batam com o martelo logo que possam, mas nada de golpes baixos.

Estamos esclarecidos? Então, adiante.

O senador ianque republicano Mitch MacConnel, disse para os seus, para os outros e em entrevistas em que se tem multiplicado, que o fundador da WikiLeaks é um terrorista que deve ser extraditado para os USA, para ser executado. Entretanto, as diversas agências secretas da grande democracia (?) estão a tratar do assunto. Dois ou três dias após o grande acto de terror documental internético, duas virgens ofendidas queixam-se na Suécia de terem sido violadas por Julian Assange (o australiano que já teve nacionalidade sueca). Ala para prisão de Sua Majestade Britânica e vamos lá a ver se se arranja modo de extradição. Do Vale Azevedo é que não.

Uma das denunciantes é a cubana militante anti-castrista Ana Ardin, cuja organização, como se sabe, é democraticamente subsidiada pelos USA. Palavras para quê?

Pode bem ser que o Assange seja o responsável pela morte do Menino Jesus e o culpado da secura dos desertos, mas mesmo que a Sr.ª Clinton jure sobre a Bíblia, ninguém vai acreditar, porque, como dirá o povo, quem mais jura mais mente.

ABDUL CADRE

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