quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Reflexões de um embaixador sobre o Brasil

Num artigo publicado no Jornal de Letras, nº 1048 , o antigo Cônsul-Geral no Rio de Janeiro e atual Embaixador de Portugal na Índia,poeta e ficcionista, Luís Filipe Castro Mendes, escreveu sob o título "Lendo Ruy Duarte de Carvalho", reflexões que considero de interesse partilhar com vocês.

Reflete Castro Mendes: Lendo " Desmedida", o excelente livro de viagens de Ruy Duarte de Carvalho pelo Brasil, vejo como um angolano sente exatamente o que eu senti como português face àquela permanente "fábrica de inédito"(na expressão dele) que é o Brasil: eu só entendi bem o que era ser português(e, pelo o que ele diz, o Ruy só entendeu completamente o que era ser angolano) depois de ter vivido a experiência do Brasil.'

E Luís Castro Mendes continua: 'O Brasil é a nossa desmedida.. O Agostinho da Silva tem a clássica fórmula "o brasileiro é o português à solta".Eu penso que esta imagem produzida por Ruy do Brasil como " fábrica de inédito" é ainda melhor e mais generalizante.

Concluindo, Castro Mendes lembra: 'Reparem o que o Brasil faz dos imigrantes de todas as etnias. E reparem na complexidade do processo de branqueamento, que está a ser agora deturpado com ações afirmativas copiadas dos americanos. Não que não haja injustiças no Brasil em relação aos negros que tem urgentemente de ser corrigidas, mas acontece que o Brasil não tem nada que ver com os Estados Unidos.'

Estas reflexões de Luís Castro Mendes ajudam-nos a compreender as diferenças e afinidades entre brasileiros, angolanos e portugueses. Compreender o olhar do "outro".

Margarida Castro

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