Museu das Bandeiras, GO
Fonte da foto: Wikipédia (Museubandeiras.jpgthumb)
No cotidiano das pessoas as expressões populares são usadas para dizer o que se deseja com poucas palavras, ou com idéias figuradas. As citações ou ditados muitas vezes são repetidos por anos a fio, ficando a origem perdida no limbo dos tempos.
No Centro-oeste do Brasil, é comum se dizer: “Ele está no sal”, quando alguém está numa situação difícil, sem solução. A história dessa expressão remonta ao Brasil Colonial.
Quando Bartolomeu Bueno da Silva Filho descobriu ouro em Goiás, às margens do Rio Vermelho, fundou ali, em 1727, o arraial de Santana. A descoberta atraiu tanta gente que em pouco mais de dez anos o arraial virou vila . Metade da população era de escravos comprados para a batear o cascalho dos rios e para os serviços gerais.
A produção de ouro crescente e a sonegação evidente fizeram com que a Coroa edificasse na então Vila Boa de Goiás, uma Casa de Fundição (1751) para controlar e legalizar o ouro apurado, e um edifício de dois pavimentos (1761-1766) para funcionar como Câmara e Judiciário no piso superior e Cadeia no inferior. A obra, projetada pela Coroa portuguesa e levantada sobre uma antiga cadeia construída pelo fundador do arraial, foi tão bem feita que até 1950, ano em que foi desativada para dar lugar ao que é hoje o Museu das Bandeiras, nunca teve relatado caso de fuga.
Numa das celas (a enxovia) ficavam os presos que aguardavam julgamento. Era um espaço onde cabiam uns quarenta detentos. O piso era calçado com grandes pedras brutas, extraídas do rio. As paredes de 80 cm de espessura, de taipa de pilão, socada com pedras, eram revestidas de grossas ripas de aroeira, madeira dura e resistente. Na cela dos condenados a parede chegava a um metro e meio de espessura. As janelas eram vedadas por grossas grades de ferro, por onde os prisioneiros recebiam a comida, sempre à vista dos guardas. Na ala dos condenados as grades eram duplas. Não havia porta. O acesso à cela se fazia por um alçapão que ficava no piso superior. Os presos desciam por uma grande escada que ficava presa no alto do teto da cela, por uma forte corrente. O mobiliário se resumia em colchões de palha e um barril onde depositavam os dejetos. Esvaziá-lo era tarefa disputada pelos prisioneiro, pois era também a oportunidade de sair daquele ambiente infecto e, no trajeto para o rio, onde se lavavam, respirar ar puro. Para desinfetar a cela , periodicamente, jogavam grandes quantidades de sal para suplicio dos detentos. A enxovia funcionava como castigo. A partir dessa época toda a vez que alguém ia para a cadeia, mesmo que fosse por pouco tempo, passou-se a dizer “Ele está no Sal”. Com o passar dos séculos a história foi esquecida, mas a citação ficou para sempre na memória oral do povo.
Aqueles prisioneiros que tinham delitos leves eram soltos após o julgamento. Os de crimes de média gravidade eram transferidos para a cela dos condenados, onde cumpriam a pena. Aqueles que haviam cometido crimes graves e/ou hediondos eram enforcados em praça publica (Campo da Forca). Em meados do século XIX, após a morte de um inocente, D. Pedro II aboliu a pena de morte no Brasil.
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 17 de janeiro de 2011-01-17
Fonte da foto: Wikipédia (Museubandeiras.jpgthumb)
No cotidiano das pessoas as expressões populares são usadas para dizer o que se deseja com poucas palavras, ou com idéias figuradas. As citações ou ditados muitas vezes são repetidos por anos a fio, ficando a origem perdida no limbo dos tempos.
No Centro-oeste do Brasil, é comum se dizer: “Ele está no sal”, quando alguém está numa situação difícil, sem solução. A história dessa expressão remonta ao Brasil Colonial.
Quando Bartolomeu Bueno da Silva Filho descobriu ouro em Goiás, às margens do Rio Vermelho, fundou ali, em 1727, o arraial de Santana. A descoberta atraiu tanta gente que em pouco mais de dez anos o arraial virou vila . Metade da população era de escravos comprados para a batear o cascalho dos rios e para os serviços gerais.
A produção de ouro crescente e a sonegação evidente fizeram com que a Coroa edificasse na então Vila Boa de Goiás, uma Casa de Fundição (1751) para controlar e legalizar o ouro apurado, e um edifício de dois pavimentos (1761-1766) para funcionar como Câmara e Judiciário no piso superior e Cadeia no inferior. A obra, projetada pela Coroa portuguesa e levantada sobre uma antiga cadeia construída pelo fundador do arraial, foi tão bem feita que até 1950, ano em que foi desativada para dar lugar ao que é hoje o Museu das Bandeiras, nunca teve relatado caso de fuga.
Numa das celas (a enxovia) ficavam os presos que aguardavam julgamento. Era um espaço onde cabiam uns quarenta detentos. O piso era calçado com grandes pedras brutas, extraídas do rio. As paredes de 80 cm de espessura, de taipa de pilão, socada com pedras, eram revestidas de grossas ripas de aroeira, madeira dura e resistente. Na cela dos condenados a parede chegava a um metro e meio de espessura. As janelas eram vedadas por grossas grades de ferro, por onde os prisioneiros recebiam a comida, sempre à vista dos guardas. Na ala dos condenados as grades eram duplas. Não havia porta. O acesso à cela se fazia por um alçapão que ficava no piso superior. Os presos desciam por uma grande escada que ficava presa no alto do teto da cela, por uma forte corrente. O mobiliário se resumia em colchões de palha e um barril onde depositavam os dejetos. Esvaziá-lo era tarefa disputada pelos prisioneiro, pois era também a oportunidade de sair daquele ambiente infecto e, no trajeto para o rio, onde se lavavam, respirar ar puro. Para desinfetar a cela , periodicamente, jogavam grandes quantidades de sal para suplicio dos detentos. A enxovia funcionava como castigo. A partir dessa época toda a vez que alguém ia para a cadeia, mesmo que fosse por pouco tempo, passou-se a dizer “Ele está no Sal”. Com o passar dos séculos a história foi esquecida, mas a citação ficou para sempre na memória oral do povo.
Aqueles prisioneiros que tinham delitos leves eram soltos após o julgamento. Os de crimes de média gravidade eram transferidos para a cela dos condenados, onde cumpriam a pena. Aqueles que haviam cometido crimes graves e/ou hediondos eram enforcados em praça publica (Campo da Forca). Em meados do século XIX, após a morte de um inocente, D. Pedro II aboliu a pena de morte no Brasil.
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 17 de janeiro de 2011-01-17
(In, dialogos_lusofonos@yahoogrupos.com.br )
Fonte dos dados:
Wikipédia
Visita "in loco"
Livro: Museu das Bandeiras - A História Viva ( Hamilton brito Moraes)
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