quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A ponta da árvore visível ainda


A não fome.
A sede seca na boca.
Alma que gela nos espaços do tempo…
a visão turva pelo chover intenso
e o fogo extinto queimando ainda dentro.
… as cinzas espalhadas pelo sopro do vento...

Coração teimoso, gritando, já rouco,
e a voz suplicante…
… os ouvidos sangrando…
Gira o mundo na orbita do infinito,
planetas e estrelas impondo-se no caminho.
As mãos vazias calejadas do esforço,
unhas que faltam pelo escalar do monte…
… que monte...

Monte-montanha tocando de leve a ponta do céu que foge,
Nas feridas o pó, a terra, o sangue…
O ar que falta no excesso do ar que se expande,
explodindo o que existe na falta do sonho.
… ar flutuante…

Um quê de ácido corroendo a pele,
vincando sulcos pelos tecidos até ao osso.
A alvura da parte dura resistindo ao golpe,
O borbulhar dos tecidos moles padecendo no tempo.
Segundos que são minutos… horas… momentos infindáveis
… incontáveis…
O tempo caindo como lama grossa do alto dos muros.
As unhas que faltam entranhadas nas paredes da vida,
E a vida que falta agonizando… moribunda…

Do lado de lá do muro, a ponta da árvore visível ainda,
muro de onde escorre o barro do tempo
e árvore de onde cantam seres encantados.
A dor crescente por dentro do corpo
e o coração, teimoso, sempre gritando

… mesmo que rouco…

Cléo.
24/1/2011

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