13. Fernando Pessoa (1888-1935)
A Filosofia é a arte de imaginar universos falsos.
No plano do pensamento estamos sempre entre uma tese e uma antítese, uma tomada de opinião e o seu contrário, posição e oposição. Embora haja sempre uma tentativa de transgressão, de solução, desta antinomia.
Pessoa coloca-se muito num plano de descartamento, de desilusão, do que foi construído - todas as opiniões são igualmente justificáveis e não justificáveis. Tal como em Agostinho da Silva há lugar para um pensamento paradoxal.
Existem forças afirmativas e negativas como constitutivas do mundo. Há uma tensão ontológica entre estas 2 forças que constitui tudo.
Criação é igual a ficção, a ilusão. Ser é simultaneamente ilusão e falsidade. A ideia construída de Deus está igualmente num nível de ilusão. Mas há uma consciência que escapa a toda esta forma de ilusão. Uma consciência que se cria pela desconstrução de todos os imaginários falsos.
A negação está acima da afirmação, porque nega a ilusão. A forma suprema de negação é o não-ser que, todavia, não é pensável. Não-ser é o que transcende o Único. Não-ser é o que precede o Ser.
Portanto, o não-ser é superior ao ser, mas simultaneamente deve-se ser tudo, de todas as maneiras, já que se é nada. A matéria é a mais fraca das mentiras, por ser o que está mais próximo do ilimitado, do imanifestado.
Haver ser é o mistério ontológico que encerra todos os mistérios, coisas, morte, deuses. “Este mistério, este terrível haver ser…”.
Luis Santos
Referência Bibliográfica:
-Síntese de Apontamentos, Aulas de Filosofia em Portugal, Prof. Paulo Borges, 2009
-Rafael Baldaia, Tratado da Negação (1916?), In Fernando Pessoa, Textos Filosóficos, Ed. Nova Ática.
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