Um ar de Abril assome às ruas da nação
Num misto de vozes, gestos e cores, o povo unido
Marcha em filas ao ritmo da canção
Do quartel militar prás casernas do partido
“O povo unido jamais será vencido”…, gritava a cidade ao ritmo da marcha. ” Grândola Vila Morena…” cantava o povo que, por momentos, descobria as cores da vida nos passos da liberdade ao ritmo ordenado da canção. A alegria da união dançava nos corações. Era o Portugal colorido a vibrar.
No campo da pátria cheirava a Abril e as cores do arco-íris deslizavam, despreocupadas, pelas ruas. Era festa, a festa do povo a florir em cravos, rosas e papoilas. Um fluir de cores e vozes a acenar na pátria em flor. Por um momento, se acaba a noite; a esperança acorda; no alfobre do povo, brilha o dia.
O vermelho escuro, do sangue derramado no ultramar, ressurge e corre agora nos cravos das ruas a acenar. A vida pula na praça a cantar. Um misto de vozes e ritmos de paradas e de marchas populares ressoa cavo nos altos das colinas da cidade. É o sentimento de cores e vozes das ruas baixas nos altos a ecoar.
Quem gritava, cantava e acenava, aspirava a tornar-se povo mas o ritmo dos altos altifalantes “revolucionários” só conhecia população a acomodar!
Depressa o entardecer bate à porta do povo. O dia sem noite findou. A diferença voltou! Ao longe, logo se ouvem os clarinetes do toque a recolher às casernas dos partidos. A liberdade fica agora apiada ao ritmo da marcha dos partidos. No arame farpado do pensamento, o povo dividido, canta já desafinado. O dia acabou. É hora de recolher.
Nos andores dos revolucionários de Abril continuam a passar figuras de sorriso redondo a insuflar-se do sorriso e da ária duma população a definhar num gesto sonolento e amarelo. A foicinha da revolução ceifou-lhe as cores. Portugal de farda parda. O povo veste agora a cor do momento.
Os zangados de ontem tornaram-se nos contentes de hoje! À custa de novas zangas, novas opressões.
Mudar de filas, é ordem do dia, é a ordem da revolução! No andor da televisão, só os contentes acenam a sua cor, que não o colorido da nação. Continuam a fita do corta fitas na finta à nação.
O sol de Abril perdeu-se no nevoeiro da estação. A colonização, lá fora, acabou, mas, cá dentro, há muito que começou.
Portugal empardecido, na m- -da
A marcar passo, à direita e à esquerda,
Um povo a alinhar-se, sem contemplação,
No sentido da contra-revolução!
Tu, meu 25 de Abril
Meu filho incógnito
Já ninguém te quer
Tu, 25 de Abril,
Festa da fraternidade
Tu, meu Portugal, por fazer
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com
www.antonio-justo.eu
2 comentários:
Obrigado pela vossa atenção!
Acho Estudo Geral mesmo bom e original!
Muito obrigado pela sua participação. Esperemos que possamos todos evoluir no Estudo.
Abraço Geral.
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