quinta-feira, 28 de abril de 2011

d´Arte - Conversas na Galeria XXXV


Cerrados - Açores Autor António Tapadinhas
Óleo sobre Tela 100x100cm

O Arquipélago dos Açores é constituído por nove ilhas, situadas em pleno Oceano Atlântico, que dizem ser vestígios da lendária Atlântida. Olhando os contrastes das costas, os rochedos vertiginosos a mergulharem no oceano, as montanhas e os vales, com a sua exuberante vegetação, as lagoas nas crateras de vulcões extintos, os géisers, as nascentes de água quente, tendo ao lado, outra com água gélida, não custa a acreditar na lenda do mítico continente.
Sendo o contraste uma regra, até os campos carinhosamente cultivados, estão divididos em pequenos cerrados feitos com as rochas vulcânicas vitrificadas que a população chama de bagacinas, com o toque de beleza que é a inveja dos continentais: as hortênsias azuis.
Uma estadia no continente e as belas flores vão mudando de cor e passam para um cor-de-rosa choque…
Tem a ver com a acidez ou alcalinidade das terras, dizem os especialistas.
O engraçado é que nós invejamos o azul dos Açores e eles invejam o nosso cor-de-rosa…

4 comentários:

estudo geral disse...

Talvez ao azul das hortências (e do mar), se possa juntar o preto e branco da vaca, o verde dominante da vegetação e o vermelho das bandeiras do Espírito Santo. Já o cozido feito em panelas que vão fundo no interior da terra, dignas de serem vistas, devo confessar, é caro e não se chega ao da minha mãe. Sobre a capital da Atlântida, a Lagoa das Sete Cidades, em S. Miguel, com água verde de um lado da ponte e azul do outro, no mesmo tom das hortências e desses primordiais olhos autóctones, só mesmo visto... Tal e qual como na ficção científica, as fumarolas, mais o intenso cheiro a enxofre, criam uma ambiência misteriosa que, de facto, Entre-abrem outras dimensões no Planeta Azul. Os Açores recomendam-se, claro! E os abraços.

luis santos

Luís F. de A. Gomes disse...

Açores que sem a cedilha também ficariam bem, pelo meonos avaliando pela única ilha que conheço, São Miguel, onde o contraste entre o tapete de esmeralda que o Sol faz cointilar nos planaltos e a safira que se espuma pelo negrume das falésias faz pintura para ornamento das duras vidas que por ali se derramaram e fizeram terra portuguesa.

Mas aquelas ilhas encantadas mostram bem as grandezas e misérias deste triste jardim à beira-mar saqueado.
Se nos falam da coragem e da sabedoria, da audácia e do trabalho persistente e planeado de um povo que abriu o oceano e inventou o mundo que conhecemos, lembram-nos agora como nos esquecemos de tais lições e deixamos de ser capazes de gerar élites governantes capazes e sérias, cientes dos melhores caminhos para aproveitarmos os recursos que temos, valermo-nos deles para nos afirmarmos no palco global das nações, jamais esquecendo o norte do bem comum, o mesmo é dizer, tendo sempre em mira a melhoria das condições de vida e de liberdade dos portugueses, desde logo a começar pelos mais fracos entre eles.

Deixamos assim a alegoria da marinharia enquanto parábola da vida e passamos à paisagem que nos convida à viagem pelo interior do que somos enquanto povo.

Esta tua tela, enfeita o que já ao olhar se oferece enquanto ornamento. A Natureza, a humanização que a si se pintam, foram assim belamente pintadas por ti.

É a Arte sublimando, simplesmente elevando o espírito dos homens e esse é e sempre será o seu resultado mais espectacular.

Aquele abraço, companheiro
Luís

A.Tapadinhas disse...

Quando leio os poéticos comentários com que me vais honrando, fazendo jus ao nome desta galeria, sinto que na minha apreciação/apresentação das obras, falta esse sentimento a que eu, talvez por pudor, não tenho dado o devido relevo. Afinal, eu até sei que a Arte não se pode formatar em fórmulas.

O homem e os seus sonhos, também não...

Abraço,
António

A.Tapadinhas disse...

Hoje estou com dúvidas sobre o interesse de tudo o que tenho andado a fazer nos últimos tempos. Espero que seja por terem desaparecido os ficheiros que mais me interessavam nos meus documentos e não por outro qualquer motivo...

Quando era um jovem sentia (de verdade!) que todos os meus sonhos se podiam realizar. Com o aumento da idade foram diminuindo os sonhos e proporcionalmente aumentando o sentimento que, para alguns deles, a sua realização era impossível.

Não me sinto com as capacidades físicas, nem intelectuais e, talvez mais decisivo, nem com a vontade, de fazer qualquer coisa diferente para mudar: se o mundo é dos jovens eles que o mudem. Eu já me reformei! Os Açores (a cores, como dizes) talvez me trouxessem novo alento!

Espero continuar a acreditar que o que faço é importante: para mim, sem dúvida, para quem me rodeia, talvez... Se alargar o círculo, as dúvidas continuam a aumentar...

Eu e a Arlete temos uma amiga na Terceira, que está farta de nos convidar para passar uns tempos em sua casa. Talvez fosse uma boa altura para pegar nas telas, tintas, pincéis, cavalete e aceitar o convite...

Abraço,
António