quarta-feira, 13 de abril de 2011

TERRITÓRIOS DE SOLIDÃO

É o mundo a fechar-se
no centro de um mim
emparedando a alma
no medo de se ser assaltado.

Marcar por traços a passagem dos dias
sem curiosidade de espreitar por cima do muro.
É uma luz que se apaga ao começo da noite,
distância
que não confronta nem sequer se contesta.

Solidão,
é escutar o som do cabelo a crescer
até cobrir o corpo todo
e ter em cada mão um copo para se brindar ao que seja.

Solidão,
é um olhar que já não procura
num tempo sem emoção
e quando já sem chama e apagada
a lenha se torna carvão.

Solidão …
(podemos começar outra vez)
solidão é,
sob um céu rutilante de estrelas
sentir um adeus
de velas no mar.


mj
03 Abril, 2011

(escrito a propósito de um “trabalho de casa” da Comunidade de Leitores da Escola Aberta Agostinho da Silva, sobre o tema da solidão, aquando da leitura e discussão colectiva da obra “Cem Anos de Solidão” de Gabriel Garcia Marquez.)

6 comentários:

lucas rosa disse...

Fiquei a pensar se no último sexteto será solidão ou saudade?

A.Tapadinhas disse...

"Cem anos de solidão", que belo pretexto para escrever um poema tão intenso...

...e contraditório! Com a tua solidão sinto-me acompanhado: há alguém que põe em palavras o que sinto quando a chama se apaga e a lenha se torna carvão...

Abraço,
António

Anónimo disse...

Solidão é, perdermo-nos de nós próprios
deixar de ser quem somos.


Beijo

MJC disse...

Amigo Luis,

até poderá ser.
Saudades do futuro que cada um (e também, por vezes,colectivamente)bem ou mal está constrindo agora.

abraço,

mj

MJC disse...

Amigo António é muito bom saber do entendimento que se estabelece e estreita.
Quando tal acontece com determinadas pessoas é muito bom e, é claro, que tu és uma delas.

abraço,

mj

MJC disse...

Caro(a) Anónimo(a)

não posso deixar de concordar e obrigado pelo seu comentário.

Abraço,

mj