quarta-feira, 1 de junho de 2011

d´Arte - Conversas na Galeria XL


Cozinha Tradicional Autor António Tapadinhas
Óleo sobre Tela 60x70 cm

Quando era criança, passei algumas férias do Natal e as chamadas férias grandes, numa aldeia do Alto Alentejo, chamada Torre das Vargens, donde era natural meu pai. Passava uns dias alucinantes na casa da minha avó, numa região em que predominavam os montados de sobro, pertencentes à Casa do Marquês de Fronteira, com imponentes touros bravos que só não incomodavam as cegonhas, senhoras dos céus.
Na minha viagem à Grécia, fiz um cruzeiro maravilhoso às suas ilhas: Mykonos, Rodes, Patmos… Ao entrar nas casas dos seus simpáticos habitantes, ao ver os utensílios que usavam para cozinhar, lembrei-me da minha infância: parecia estar a entrar na velha cozinha da minha avó.
Com os mesmos utensílios, com ingredientes semelhantes, incluindo o azeite de oliveira (há outro?), não admira que a comida alentejana seja tão marcadamente mediterrânica. Faz-se com uma boa dose de simplicidade, temperada com as ervas que perfumam o campo, combinada com imaginação, quanto baste: o suficiente para nos sentirmos felizes.
Bom apetite!

4 comentários:

luis santos disse...

Que eu saiba há uns óleos extraídos do trigo, do girassol, milho, etc., obtidos através da primeira pressão a frio, mais saudáveis que os refinados, geralmente à venda nas lojas de produtos naturais e ervanárias, que no topo da garrafa dizem azeite. Mas creio, que azeite, azeite, só mesmo de azeitona.

Depois, sabe-se que o azeite é como a verdade, vem sempre ao de cima de água, e até dá luz. Tanta luz que deu.

De tal forma saudável que às vezes até sonhamos com massagens em azeite. E só é pena que a oferta seja tão pobre e escassa.

Mas, eis um produto turístico que poderá vir a ser muito apreciado para preencher os imensos tempos livres que se avizinham, solução entre soluções de recuperação económica.

E, então, será ver os alemães a derreter ao sol da Língua Portuguesa besuntados de azeite. Para os especuladores financeiros, claro, azeite a ferver.

Com um abraço cheio de mel (que também não é mau).

A.Tapadinhas disse...

Concluiste o teu panegírico ao azeite falando do mel... e eu vou falar do azeite e alho que é, segundo li, conhecido por Santo Remédio. Não é, como se poderia julgar pela sua aplicação no bacalhau com batatas, mas pelas curas miraculosas de que é "acusado", entre as quais se contam e não vou ser exaustivo:
coração, baixa o colesterol e triglicéridos;
dores das articulações;
dissolve sangue pisado em derrames;
gripe e infecções;
faz bem às cordas vocais;
limpa os pulmões;
...
Não te dou um abraço cheio do Santo Remédio, por causa do cheiro...
:)
António

Luís F. de A. Gomes disse...

Interiores de antanho que, entre nós, afinal, chegaram ainda aos dias das nossas meninices.

Continuamos pois pela viagem que da nossa casa comum nos levou às casa de cada um e se na semana passada tivemos um toque de rupresticidade a lembrar-nos o quanto a arte faz parte da nossa natureza de humanos, enquanto animais culturais, somos agora presenteados pela rusticidade que nos atira à cara a ilusão em que mergulhámos pela qual, dando razão à lição de Goethe, no "Fausto", trocámos a alma pela crença no enriquecimento rápido para todos, com o que acabámos por apenas alimentar a ganância sem limites de uns quantos e levar infelicidade e sofrimentos a tantos.

E é assim que esta tua pintura nos leva a pensar que a riqueza está na harmonia que conseguimos dentro de nós e no balanço do que somos para com os outros e não no cordeiro de ouro que nos querem fazer adorar.

Luz meridional, poderia ser um outro título para esta tua pintura.

Aquele abraço, companheiro
Luís

A.Tapadinhas disse...

Começo pelo fim, que bastas vezes é o princípio de acontecimentos que o nosso trabalho pode desenvolver para bem de todos.

A tua proposta de título para a obra tem a poesia que o que eu escolhi, obviamente não tem. Acho que as obras deviam ter, pelo menos, três títulos: o que descreve a obra - Cozinha Tradicional, o sentimento que desperta - Luz Meridional e o nome que lhe dá o dono - ?

Enriquecer rapidamente, pondo de parte os ensinamentos dos nossos avós, é comprar o peixe no supermercado e nunca chegar a sentir a felicidade de o pescar...

Abraço,
António