sábado, 12 de outubro de 2013

Cantiga de uma paisagem


Começar novamente
O chilrear animal
Tenho a cabeça doente
E sobre o peito um avental

Correr sob escolta
O bosque noturno
As almas em volta
Da cama onde durmo

Criar fantasia
Prever o futuro
Ao longo do dia
Pensei como um burro

Comigo cantando
O sol que se pôs
A árvore nasceu
E deu fruto: a minha voz

Trago de mim
Um lenço dobrado
Desdobro-o assim
Abraço o meu escarro

Fito a paisagem
Lá longe o farol
Nas asas do mundo
Bebendo sumol

Sou toda a vida
Que me quer presente
Sonhar acordado
É ser consciente

Tudo o que sinto
É mera doença
Tudo o que penso
Dita juiz a sentença


 Diogo Correia


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