quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Escola? O que é? Para que serve? (Mais um texto para o MFI)


Escola? O que é? Para que serve?

A etimologia aponta para algo que se faz em grupo, com “significado” público, social, num espaço determinado e/ ou em torno de uma “filosofia” ou doutrina interativa. (# veja-se o significado).

 E o que se faz? Ensina-se e aprende-se.
Até hoje esse espaço físico e / ou intelectual tem sido espaço privilegiado de cultura. Para além dos Mosteiros medievais, das Academias gregas e das Universidades (mesmo Universidades), as escolas eram vistas como centros de saber e de “coligação”, como união e transmissão de valores. Já não é assim, existe a escola paralela e alguma desconfiança institucional em relação ao que lá se faz. (repito, institucional).

A escola de hoje poderá ser vista como algo de perigoso!? Pelo menos assim parece para alguns. A “Escola Pública” enquanto conceito e praxis, enquanto escola para todos, pode trazer problemas (problemas?). Sim, penso que sim, penso que pode trazer problemas para quem a vê como uma ameaça.

Ameaça? Ameaça para quem a vê como “elevador social” ou preparação para o magistério do pensamento e da racionalidade. Pensar complica. Pensar atrapalha quem não quer ser atrapalhado e precisa do caminho livre. Pensar sistematicamente (o que a escola ajuda a desenvolver) fomenta a participação cívica (digo, política), de modo “avisado” e crítico. E isso é muito perigoso!

Na verdade, o povo não devia estudar e ir à escola. A escola ajuda a desenvolver competências que podem ser perigosas. Quem pensa torna-se perigoso. O povo torna-se crítico, exigente e participativo. A escola para todos (a Escola Pública) fomenta a ascensão social e desenvolve espírito crítico. E isso é perigoso. Põe em causa o lugar ocupado pelas elites, que o desejam manter a todo o custo.


Por PEDRO VARGAS
Outubro 2013


(#) s.f. Estabelecimento onde se ensina: ir à escola.
Conjunto dos adeptos de um mestre ou de uma doutrina filosófica, literária etc.; essa própria doutrina: a escola racionalista.
Conjunto dos artistas de uma mesma nação, de uma mesma cidade, de uma mesma tendência: a escola francesa; a escola de Paris; a escola do Recife; a escola impressionista.
O que proporciona instrução, experiência: a obra de Corneille é uma escola de grandeza.
Estar em boa escola, conviver com pessoas idôneas.
Fazer escola, ter muitos seguidores.

In Dicionário Etimológico: http://www.dicio.com.br/escola/

2 comentários:

luis santos disse...


Ora aí está uma coisa útil a ser desenvolvida pelas escolas, entre todas as outras coisas úteis que as escolas vão fazendo, a par, como sabemos, de outras tantas coisas inúteis que a caracterizam e que são absolutamente transparentes para olhos ministeriais... E cito:


"Projecto português une jovens e idosos na produção de vegetais para famílias carenciadas (com VÍDEO)

Com o aumento da sensibilização para a sustentabilidade ambiental de hoje, há cada vez mais escolas a criarem hortas pedagógicas. Mas será que há muitas a optarem por hortas solidárias? Pelo menos seis escolas no país escolheram esse caminho. Trata-se de espaços de cultivo em ambiente escolar, cujas colheitas se destinam exclusivamente a famílias em dificuldades.
A iniciativa toma o nome de Horta de Gerações e surge integrada na organização Prémio Infante D. Henrique, na área de Serviço à Comunidade." (...)

Ver mais em: http://greensavers.sapo.pt/2013/10/15/projecto-portugues-une-jovens-e-idosos-na-producao-de-vegetais-para-familias-carenciadas-com-video/

luis santos disse...


"A escola, até hoje, tem sido um acervo de coisas maléficas, de tratos diabólicos, de prescrições tirânicas: e já é importantíssima reforma a simples anulação de coisas más. Grande programa: não fazer mal! A imobilidade nas aulas, os estudos sem gosto, os rígidos programas, a apreensão passiva, as angústias dos exames, et., etc.,produzem transtornos de muita espécie (...) Ah, imenso programa: liberdade ao aluno, não fazer mal!" (António Sérgio, Ensaios II, Lisboa, 2ª ed., 1977 (1ª ed. 1929).