segunda-feira, 7 de setembro de 2015

REAL... IRREAL... SURREAL... (148)





Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar

Sophia de Mello Breyner


AMAR? Em que tempo do Verbo?
Em Memoria de Aylan Kurdi
Pelas ondas do mar Egeu
chega a praia
o corpo do menino.
Fugia ele, com a família,
De uma guerra desumana
Onde a fúria dos homens
lança uma onda de terror
e desatino
Sobre um mundo
que me humilha
Como falar da evolução
Das conquistas da ciência
Da alta tecnologia
Que se lança para o espaço?
Se o homem em erro crasso
Não consegue conquistar
Em seu solo, em sua terra,
Uma forma de amar?
Em guerras ou em disputas
Quanta tristeza se soma
para provar que é melhor?
O mundo se encontra doente
Vive em um estado de coma.
Falar em civilidade
Discutir o que é amor
Se a cada passo encontramos
Pessoas que se dizem santas
A serviço de Deus ou Alá
Fazendo das guerras sujas
Seus instrumentos de dor?
Perdão se firo seu brio
Mas o que é sentir amor?
Triste a foto que vi
Meu peito se encheu de dor
Pois numa praia da Grécia
A prova da falta de amor!
Jaglemos - Copy -

(Selecção de António Tapadinhas)

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