A TARTARUGA GILINHA
É tão bom dar um beijinho de boas noites para que os pardalitos se deixem dormir e, mais tarde, reforçar a dose antes de nos deitarmos.
Quando a seguir nos sentamos para ler o jornal ou um livro ou fazer qualquer outra coisa, ou quando nos dirigimos para os lençóis, em acto contínuo, levamos connosco uma pena no peito que nos acaricia a alma.
E este fim-de-semana também foi assim, repousante, com a vantagem de ter o regresso do Sol para aquecer as manhãs de esplanada com os jornais e o passeio de bicicleta que a Luísa fez, esta tarde, com a Matilde.
Na hora da piscina, ao fim da manhã de Sábado, o pai esteve na companhia de Caldwell.
Pena que este não seja o clima que se respira no Médio Oriente.
A aviação israelita atacou uma base de treino da Jhiad Islâmica em território sírio. Segundo as autoridades israelitas, tratou-se da resposta ao atentado de ontem, em que um bombista suicida se fez explodir no interior de um café, com o que massacrou mais dezoito civis inocentes e indefesos.
A Síria já protestou, como seria de esperar e, naturalmente, negou qualquer envolvimento com as redes terroristas palestinianas que, por sua vez, negam a existência daquelas infra-estruturas do terror que querem fazer passar por campos de refugiados.
A verdade é que o regime de Damasco nunca foi inocente e desde a primeira hora se mostrou hostil para com o estado de Israel o que, em várias ocasiões, mostrou através da linguagem das armas. Agora volta a esgrimir essa possibilidade mas, pelo menos para já, ficou-se pelo protesto que apresentou nos órgãos competentes das Nações Unidas e pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança.
O governo de Telaviv recorda que este foi um ataque contra a organização terrorista e não contra o país em que aquela se acoita, se bem que não tenha deixado de chamar a atenção para as responsabilidades que assumem os estados que as apoiam e lhes dão guarida.
Obviamente, não há alternativa a uma resposta enérgica a esses crimes mascarados com propósitos, aos olhos de muitos, tidos por razoáveis.
Os líderes europeus continuam com as tibiezas e indefinições do costume e não parecem capazes de entenderem quem são os verdadeiros inimigos da paz e, em conformidade, também não deixa margem para dúvidas quanto à sua sinceridade e empenho.
Sobretudo espanta tanta repetição dos mesmos erros.
Façam o mesmo que fizeram com Saddam Hussein, deem força aos títeres e condenem as suas vítimas e não tenhamos dúvidas que o regime sírio terá que vir a ser desapeado pela força, nos próximos anos. A paz mundial depende do entendimento que se conseguir no Médio Oriente.
Faça o Ocidente um bloco homogéneo e mostre firmeza na exigência que cesse todo e qualquer apoio ao terrorismo palestiniano a partir daquele país e o mais certo é que os mais radicais percam influência e a política externa síria ganhe moderação.
Infelizmente, parece que isto é idealismo da minha parte.
“-Olha, Margarida, o que anda ali no chão.”
Lá andava a Gilinha, a pequena tartaruga que a Margarida adoptou no princípio deste Verão, gozando a liberdade de pela primeira vez poder bisbilhotar os cantos à cozinha.
E já agora, a talho de foice, a Matilde tem dois peixinhos a seu cargo: o Laranjinha e a Laranjinha.
No seu entender, são namorados.
É bom que as crianças convivam com animais domésticos e para quem vive num apartamento, como nós, estes parecem-nos adequados. Com aqueles podem exercitar o sentido de responsabilidade de zelar pelo bem estar de outro ser. Além disso, pode ser um tal relacionamento um factor de curiosidade nesses domínios.
Até aqui, têm sabido cumprir com as suas obrigações.
Bem, agora o Presidente da República quer ver os portugueses a debater a constituição europeia que se anuncia.
Depois… Depois logo se verá se será necessário um referendo sobre a sua aprovação.
Sobre o escrutínio estou plenamente de acordo. Aliás, consultas deveriam ter sido feitas quer no que diz respeito à nossa adesão à então, ainda, Comunidade Económica Europeia, quer para o caso da nossa adesão ao euro que é agora a nossa moeda. Só não aconteceram por falta de vontade e coragem da nossa classe política que tanto gosta de ver o simples cidadão arredado do debate político.
Quanto ao conteúdo da pergunta, naturalmente ainda não tenho uma opinião formada pois, tenho de o confessar, nunca reflecti sobre o assunto.
No entanto, entre a lógica da Liga Hanseática e a do Império de Carlos V, não hesito um segundo em escolher a primeira.
Estão a ver como nós somos os primeiros em alguma coisa?
Pela décima quinta vez, Portugal foi campeão mundial em hóquei em patins.
Pena que não seja uma modalidade olímpica.
E agora deixo-vos com o que resta da noite.
Os grilos continuam a falar para as estrelas.
Alhos Vedros
05/10/2003
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