domingo, 18 de abril de 2010

Cavaco e a Nuvem




Cavaco, o Campeão Nacional do Bolo-Rei, depois de ter sido enxovalhado por Václav Klaus, enceta o Êxodo da República Checa fugindo da "Nuvem", em excursão "épica" pela Europa, recheada de deliciosos episódios folclóricos tão à maneira Lusa, pelas lojas de conveniência das áreas de serviço por onde vai passando a comitiva.

Não estou desiludido com Cavaco, pois não votei nele, obviamente - tão somente indignado com a falta de postura do mais alto representante da Nação de que faço parte, o qual tem o dever perante o seu Povo de exigir respeito pelo seu País, ainda mais no que toca a um parceiro da mesma (triste...) União.

E o meu problema com Klaus nada tem a ver com o seu eurocepticismo - seguramente mais eurocéptico sou eu, sem qualquer dúvida de que a UE não passa de um dos maiores embustes da História, um plano para "federalizar" toda a Europa e constituir um Império governado pelos bancos e pelas famílias poderosas dos países ricos, oferecendo aos países periféricos um
pseudo-estatuto de protectorados e exigindo em troca a destruição das suas economias de mais ou menos subsistência, mas transformando-as em zonas-tampão de "amortecimento" de qualquer ameaça externa; isto tudo com a conivência das cliques dirigentes dos países "anexados", constituídas por gente pouco recomendável; neste campo, nós portugueses não temos nada a aprender, somos os melhores exemplos desta estirpe - tem antes a ver com a "Nuvem" que nos tem perseguido ao longo da História, permitindo que todos nos olhem de forma sobranceira, paternalista, jocosa, a "Nuvem" que insistentemente nos instila um complexo de inferioridade, controlando-nos a vontade e a dignidade, conduzindo-nos inexoravelmente à escolha de um Chefe de Estado, nosso representante no Mundo, à nossa escala intelectual e moral porque a nossa visão a mais não permite.

Mas mesmo assim, por muito pecadores e coniventes com a situação que tenham sido (e foram-no, sem qualquer dúvida...) os anteriores Presidentes da República do pós 25 de Abril, não estou a imaginar Soares nem Sampaio ouvindo o que Cavaco ouviu, sem darem troco, sem responderem à letra, sem exigirem respeito, no mínimo, formal...

Cavaco confirma aquilo que lhe disse Soares no debate para as presidenciais: que ele era um homem sem perfil para Presidente, pois não sabia abrir a boca para nada, fosse em que lugar fosse. Eu, pelo menos desta vez, concordo com Soares, mas acrescentando uma excepção: a menos que haja Bolo-Rei...

Raul Costa
Alhos Vedros, 18 de Abril de 2010

2 comentários:

kambuta disse...

Raul, notável (pela precisão) a tua crónica sobre este nobre povo lusitano na pessoa do seu mail alto representante. Um abraço e gostei desta tua veia.

A.Tapadinhas disse...

A falta de dimensão do nosso Presidente foi vergonhosamente evidente no episódio Václav Klaus, a que fazes referência.

Poderia dizer que não votei nele...

...mas seria uma fraca consolação...
:(

Abraço,
António