O homem tinha-o no coração.
Era o seu primeiro e principal troféu.
- Ganhaste-o em competição?
- Sim, na maior das competições.
- Então foi duro!
- Muito duro, confirmou o homem do troféu.
- Há muito tempo?
- Antes de mim.
-Como assim? Homem do mais importante dos troféus?
- Ganhei-o pela memória. Conquistei-o, pela determinação e pela paciência.
- Estavas certo que irias ganhar?
- Sim! Não podia perder; não me era lícito perder.
- Grande desafio!
- O maior e mais sagrado de todos os desafios.
- Então tem-lo guardado em sítio seguro?
- Não, não há sítios seguros.
- E é grande?
- Não tem tamanho.
- E é pesado?
- Mais pesado que o ouro.
- Então vale uma fortuna!
- Tão grande que não tem quem a avalie.
- Mas pode deteriorar-se, ou desvalorizar-se!
- Pode, mas também pode enriquecer-se à medida que o tempo passa; sabes; os meus avós começaram há muitos séculos, a guiar o meu troféu na direcção da minha tenda. Guardando rebanhos, tecendo mágicos tapetes, tocando camelos, peregrinado cerimoniosamente.
- Nestes tempos duros, bom homem, como vais partilhar um tão importante troféu?
- Deixando sinais. Claros como a luz do sol, fortes como o aço das adagas, beneméritos como a natureza e maternais como as lobas.
- Gostava de ver o teu troféu, o teu tesouro.
- Vem. Esta é agora a minha tenda, tão visitada por bombas. Vou mostrar-te o mais querido troféu, ganho na mais longa e extraordinária de todas as competições!
- Mas é um menino?
- É. Vou levantá-lo bem alto. Ele não sabe ainda que é um terrorista.
Leonel Coelho
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