O gosto pela história, pelo conhecimento sobre os povos e por tudo que diga respeito às polêmicas relacionadas com o mundo dito lusófono, falem ou não a língua de Camões e de Machado de Assis, é o que me leva a partilhar com vocês um tema tão desafiante. Muitas perguntas e poucas respostas!
Os MAPAS dão-nos pistas importantes sobre os povos e o modo de pensar dos governantes em diferentes épocas. Um assunto fascinante. Desde os mais trabalhados, verdadeiras obras de arte, até os mais funcionais e precisos. Por isso não posso deixar de falar sobre a nova exposição “Magnificent Maps – Power, Propaganda and Art“, que ocorre de 30 de abril a 19 de setembro na Biblioteca Britânica. Segundo os organizadores : “80 obras-primas da cartografia, de 200 d.C. até o presente, muitas nunca exibidas anteriormente, compõem esta espetacular exposição de verão da Biblioteca Britânica. Refletindo uma imensa variedade de visões de mundo ao longo dos séculos, a exposição mostra como os mapas podem ser obras de arte – destinados a serem exibidos como esculturas e pinturas – e também veículos de propaganda e doutrinação”.
Séculos atrás, um doge de Veneza encomendou um mapa da península itálica, mas não gostou de o ver. A Península aparecia na proporção correta; muito pequena. Explicaram-lhe que a representação estava correta, mas mesmo assim o doge reclamou que a grandeza da cidade era muito maior. O poder dos poderosos dá-lhes maior dimensão, a realidade diminui-os. Hoje,estes, querem mais espaço na mídia. E querem que seu país pareça maior do que é.
Ao longo dos milénios, muitos mapas foram desenhados de acordo com o interesse da época para engrandecer o poder dos líderes dos territórios representados. Os 80 mapas, do século II até ao presente, reunidos na exposição, são representações mais de acordo com os territórios ideológicos de quem os encomendou e fez, do que dos territórios terrestres, marítimos e celestes.
Na exposição vêem-se representações em que pequenos condados parecem países enormes. Há mapas para fazer a guerra, outros para decorar palácios e o ego dos ocupantes. Nas exposição constam dois mapas portugueses , da coleção da Biblioteca Britânica, que mostram como a representação do território também é argumento para a beleza. Um deles, de Diogo Homem, foi feito em Veneza, em 1570. Representa o Mediterrâneo e quase toda a Europa (naquela época a Escandinávia e a Rússia eram ignoradas). A Itália ocupa o centro visual. As margens marítimas são debruadas a ouro, como filigranas para embelezar o mundo.
Outro mapa, é o de Antônio Sanches(Lisboa, sob o domínio dos Filipes de Espanha,1623) é um mundo sem América, onde o centro passa pelo Índico, apontando para uma política direcionada para a Ásia. O escudo português surge repetidamente e Santo Antônio também. Mostrando que os Filipes passaram mais depressa do que a febre de além-mar.
Foi quando o Japão começou a ganhar uma enorme importância na cartografia portuguesa. Os mapas falam!
António Sanches, Planisfério, 1623, British Library, London [pormenor] (MARQUES, 1994: 197)
Fontes consultadas: http://www.londresparaprincipiantes.com/?cat=48 http://jornal.publico.pt/pages/section.aspx?id=65513&d=25-06-2010 http://www2.crb.ucp.pt/Historia/abced%C3%A1rio/japao/cartografia.htm
Margarida Castro
26.06.2010
1 comentário:
Ficamos felizes por se lembrar do Estudo Geral. Os mapas, entre muitíssimas outras coisas, como a Margarida diz, são instrumentos de crucial importância para estudarmos e nos orientarmos no mundo. Muito bom ter feito este estudo e partilhar connosco.
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