sábado, 11 de setembro de 2010

Quatro poemas de Verão

1)
Desta vida, a vida breve
A brisa da manhã rejuvenesce,
O canto que a vida semeia
E o trigo que a morte apanha.

Roda o moinho a morada,
A mó desfazendo centeio.
Se existo não sou nada
Ser todo é meu direito.

2)
Do sentir girar o mundo
Grita o homem salvação.
No mundo o espaço é curto
Para se lhe perder a razão.

Insiste no homem a questão,
Em seus olhos o naufrágio.
Os sonhos por água vão,
E o mundo afunda por contágio.

3)
Entre a aurora do pensamento
E tudo o que preenche os dias pensando.

Eis que surge a emoção,
Completando todo o ser racional.

Encaixe perfeito no pôr-do-sol da razão,
Consequência perfeita pela noite caindo,
E a lua imortaliza sobre o sol
O que no pensar se faz sentindo.

4)
A casa de minha mãe
Anoitecendo à deriva.
Pesa na cruz a noite
E morte é uníssona a ela
Onde meu pensamento
Dirige para casa a visão.

Vejo a casa pelos meus olhos
Que a mente tem como certa.

Minha mãe aquece na lareira
Com nostalgia as mãos que
Agora se cruzam.

Tudo permanece vivo na casa onde nasci
E olhar para ela é ver como o tempo passou.
Recordo o passado e aprecio com atenção,
Minha mãe fazendo malha
Como quem faz o que falta na vida fazer.

Eterna passagem de criança!

Curioso, como a vida me sorria
Quando era de sonhos que vivia.
E a altivez agora, com que a vida
Perde e rompe em si a inocência.

Diogo Correia
Agosto/2010

1 comentário:

luis santos disse...

Tal e qual como acontece com a música: quanto mais se ouve, mais se gosta.

Forte Abraço.