terça-feira, 19 de outubro de 2010

HÁ PINTASSILGOS NO MEU QUINTAL
COMENTÁRIOS
II


A.Tapadinhas disse...
Lendo esta pergunta,

"Olhando a Terra, por exemplo, é uma coisa tão perfeita, não é?"

a minha resposta é afirmativa.

Algumas pessoas é que fazem todos os esforços para a estragar...
E, parece-me que a epidemia está a transformar-se numa pandemia...

Se realmente houver "uma mãozinha por trás disto tudo", agnóstico que sou, estamos safos: Deus (?)tarda, mas não falha!

Abraço,
António
Luís F. de A. Gomes disse...
"A vida é bela, os homens é que a estragam", dizia alguém que foi figura desta aldeia em que nasci e que infelizmente não saberei homenagiar com o devido respeito que uma tão elevada profundidade necessariamente requereria.
as a verdade é que estamos perante um resumo de sabedoria que nos diz tudo ao recordar-nos que a escolha do mal é eminentemente humana; são os homens que se decidem pelo vale tudo para satisfazerem os seus interesses particulares - eu, sem eufemismos, diria ganância, mas enfim, temos de ser polidos, não é? E Seja como for, vai daí e zás, trata de pisar o próximo com o mesmo à vontade que se atiram ácidos para os rios e gases tóxicos para a atmosfera.

Quanto à tal mãozinha que pode empurrar, eu que tenho alma de andarilho e para mim não reconheço outro território para além dos meus sapatos, pelo que gosto de ver e ouvir, acima de tudo ver e ouvir e ler, é claro, pois todos podemos ver, ouvir e ler e dificilmente poderemos ignorar, resrevo para as personagens o que possam ter para dizer a esse respeito. Sem qualquer dúvida, serão capazes de uma eloquência a que eu jamais me poderia habilitar.

Contudo, posso apenas dizer que Ele não falha, nem tarda, nós é que somos muito distraídos ou ensimesmados o que acaba por dar o mesmo.

Aquele abraço, companheiro

Luís
A.Tapadinhas disse...
...aqueles que mais acerrimamente negam a realidade de Deus têm, normalmente, uma ideia muito primitiva de Deus.

A evolução do conceito de Deus vai sendo feita adaptando-se ao aumento do conhecimento científico. Será alguma vez tão grande que prove ou elimine a existência de Deus?

No entanto, nem sempre o conhecimento científico é uma boa razão para se estar mais próximo de (ou da existência de), Deus.

Os portugueses por saberem tanto, recusaram dar barcos a Colombo para descobrir o caminho marítimo para a Índia, navegando para Oeste. Sabiam que nenhum navio conseguiria cobrir essa distância, cerca de 19.000 quilómetros. Os espanhóis, que precisavam de vencer os portugueses, deram-lhe o que ele queria e, com uma sorte inacreditável, depois de navegar 5.000 km, descobriu outro continente. Colombo morreu convencido que tinha chegado à Ásia.

O saber, algumas vezes, ocupa lugar, quer dizer, não nos deixa ver o mais evidente: um continente logo ali ou um deus...

Abraço,
António
Luís F. de A. Gomes disse...
Tiro o chapéu ao teu comentário e curvo-me perante o mesmo. Diz o essencial com pouco e isso é obra.

E começas por uma pergunta inteligente, a de o conhecimento que os saberes científicos nos proporcionam eventualmente vir a provar ou eliminar a existência de Deus. É uma interrogação crucial pois coloca-nos perante uma dualidade que no dizer comum mutuamente se exclui mas que por si nos remete logo a essência da questão. E quanto a mim a resposta é negativa antes de tudo porque não tem que o fazer. Mais não fosse pelo que dizes por fim, é que Ele não resulta e muito menos se poderia conter no conhecimento que dele pudessemos fazer, antes Se revela nessa luz interior em que nos sentimos caminhar pelo Seu apelo. Algo mais do género do essencial que não está no que os olhos vêem, como poeticamente nos disse Saint-Éxupery.
Mas continuamos a invadir a sabedoria das personagens que, insisto, são destas matérias muito mais sábias que eu e por isso deixo que sejam elas a dizer.

Colombo, Colombo, esse rosto esconso que a História colocou no cerne de um antes e depois, tem a grande curiosidade de ser o único grande herói que quase ganhou a dimensão de um herói cultural, como se dizia na Antropologia de antanho, o mesmo é dizer um ser verdadeiramente mitológico.

Está de pé a teoria de um Professor norte-americano que o apresenta como português, de gema e a mais alta nobreza -na verdade, o homem saberia muito para um simplório genovês que por naufrágio tivesse chegado a Portugal- e parte de uma conspiração de El Rei D. João II, por quem o homem do leme desobedeceu ao Gigante Adamastor.
É um livro interessantíssimo de se ler e apesar de o rigor académico não se reconhecer em tal procedimento de escrever a História, não deixa de nos colocar perante questões muito interessantes de se saber e conversar a respeito das mesmas. Enfim, malhas que o império teceu.

E assim deixo aquele abraço,

Luís

A.Tapadinhas disse...
No início parecia que se estava a falar do Presidente da República, ou mesmo do Procurador - Rainha de Inglaterra, ao dizer, que se regula pelas suas próprias leis, sem que ele tenha que ter aí o mais pequeno papel.
:)
Ele (com E maiúsculo), agora, nunca interfere nos assuntos dos homens, mas há dois milénios atrás, a acreditar no que lemos, interferia dia sim dia não, e nem sempre pelos melhores motivos...
:(
A Shoa seria uma boa razão para Ele se mostrar, mas...

...um pai, que vê o seu filho morrer com um tiro ou pelo efeito colateral de uma bomba, tem todo o direito de exigir uma intervenção, pois, se para Ele são todos iguais, para o pai o seu filho é mais igual que os outros...

E, agora, a grande questão: Todos estamos ligados pelos mais diversos laços. Cada um de nós é capaz de encontrar uma boa razão para intervir, num dado momento, num dado contexto. Todos a cumprirem a lei do olho por olho, não ficaríamos todos cegos?

Aquele abraço,
António
Luís F. de A. Gomes disse...
Viva, Tó

Mais uma vez deixarei que sejam as personagens a dizerem o que têm para dizer a respeito da primeira parte do teu comentário. Continuo convicto que terão palavras mais sábias que as minhas e, em todo o caso, a óptica será sempre a deles que pode ou não, em algum(ns) (do(s)) caso(s), coincidir com a minha, mas essa, para aqui, pouco importa.

Quanto ao resto e sintetizo-o no "(...) Todos a cumprirem a lei do olho por olho, não ficaríamos todos cegos?", a minha resposta é afirmativa.
É justamente para isso que temos o livre arbítrio que nos permite escolher, para mim, justamente os valores que nos façam interiorizar o princípio de procurarmos viver sem fazer mal a ninguém, ainda que a realidade seja mais complexa que uma linearidade dessas aparentemente pode comportar. São esses os limites da civilização que temos por boa, a nossa consciência, aquela perante a qual sempre responderemos, a única em que se pode alicerçar um mundo em que se procure evitar a maldade -muito complexa esta ideia e requerente de ampla e detalhada discussão- e, bem vistas as coisas, aquela em que poderemos compreender, antes de tudo sentir e então depois compreender que, afinal, é em nós que Ele vive e se manifesta e por isso somos nós que O poderemos reconhecer e escolher, sendo nós que sendo Ele em cada um, deveremos agir na procura da elevação ao Seu nível, com isso reconhecendo no outro um irmão e vivendo com ele na convicção de não o querer ofender, seja de que maneira for. A maldade é eminentemente humana e é uma opção inteiramente humana evitá-la ou, se quisermos, evitar de a ela recorrer.

Observações certeiras, as que tu fazes, mesmo aquelas que eu deixo para os dialogantes do conto a resposta. Há horas de conversa para fazer a respeito das mesmas, provavelmente noutra oportunidade.

Aquele abraço,

Luís
A.Tapadinhas disse...
Posso afirmar, depois de ler o teu texto (corrige-me se estiver errado), que o teu protagonista é de opinião que os conhecimentos adquiridos pela Ciência e pela Religião se complementam. Num mundo perfeito seria o mais acertado. Mas...

Tenho de dizer que o teu protagonista é ingénuo: temos uma infinidade de registos históricos de casos de guerras abertas entre ciência e religião -E pur si muove-e muito poucos de colaboração...

É como a relação entre o texto e a música de Vanessa Benelli: é tão absorvente ouvir as notas do piano, que não dá para ler o texto ou vice-versa, ao contrário, como diria o outro...
:)
Abraço,
António
Luís F. de A. Gomes disse...
Não, não, não é e o que se dirá depois permitirá perceber isso. Coexistem, mas a coexistência não implica complementaridade; qualquer delas se remete para ordens de coisas que nada têm a ver entre si pelo que...

Mundos acertados... Seriam possíveis na Matemática, Terra onde se demonstra; fora dela estamos sempre onde o bicho humano mora, ou pode morar, ou simplesmente meter o nariz e aí...

Aí entramos no domínio da confusão que geralmente se faz entre o elemento e o conjunto não singular. É verdade que o pensamento que estilhaçou a ortodoxia teve, em inúmeras e indesejáveis situações, a carne assada na fogueira -ainda que seja curial ressalvar que deste modo estamos a ver a(s) religião(ões) como se o catolicismo fosse a única delas- mas também não deixa de ser verdade que ela continua e sempre continuará a mover-se o que, aqui, significa que apesar de tudo sempre os Bacons disseram, os Galilleus seguiram, os Diderots espalharam e uma miríade -não são mãos cheias- de outros que de tantos faria uma lista de endereços, acabaram por afirmar de tal modo o conhecimento científico que hoje até aqui vivemos num mundo de pensamento laico.
Para além disso, devemos ter presente que se aplicássemos o raciocínio pelo prisma da Madre Teresa de Calcutá e dos inúmeros mártires que literalmente deram a vida pelos outros... Provavelmente, um observador exterior -talvez um ET do Spilberg que brincava com as crianças- diria que somos -estou a referir a Humanidade- uma espécie de Santos e seguramente quereria perceber se tal se deveria a questões hereditárias ou culturais. Como ficariam os cabelos dele -aqui os de outros planetas têm cabelo- quando se confrontasse com a ingenuidade de Anne Frank. Enfim...

O remédio santo diz-nos que sempre é possível ler primeiro e escutar depois, ou escutar primeiro e ler depois, ou ler antes e escutar antecipadamente ou, como diria o amigo do outro, ler a seguir e escutar primeiro, ou será que era ao contrário?

Aquele abraço companheiro,

Luís
A.Tapadinhas disse...
Mudou completamente o sentido da palavra inteligência com a sua manifestação suprema: a tolerância!

Esse sentido inovador coloca a máxima inteligência na cabeça de uma criança, ou no tolinho da aldeia...

Quem é mais tolerante=inteligente que uma criança ou um "tolo"?

E também, e não menos importante, que todos nascemos com a mesma inteligência. A educação, a sociedade em que estamos envolvidos é que a pode conspurcar.

Em termos populares as crianças e os loucos são os que estão mais perto de Deus...

Mais uma vez, o povo tem razão.

Abraço,
António
Luís F. de A. Gomes disse...
Ora aí está. Confesso que nunca tinha pensado o assunto sob esse prisma.

A inteligência é um atributo da nossa espécie; como animal cultural que somos, podemos tomá-la como uma ferramenta, aquela que a biologia nos dá. Infelizmente ou não, não traz consigo livro de instruções pelo que o uso da mesma depende de cada um de nós.
Ora esse é um sentido ético da inteligência que em geral nunca é considerado, mas existe, diria que é empiricamente verificável, pelo que de modo algum o poderemos considerar estranho na Humanidade. É pois um acto de vontade, de consciência e, posso estar enganado, parece-me que será mais nesta perspectiva que a personagem usou a ideia.

A criança e o tolo -atenção que tolo não tem que necessariamente significar louco e há um uso que assimila ambos os vocábulos ao mesmo significado- materializam a escolha inocente -a que não é conspurcada pelas peripécias e condicionalismos do fluir enculturativo e de todas as envolvências da socialização, como dizes- não tanto um comportamento adoptado por tomado como melhor que outros. Digamos que tantos uns como os outros serão espontaneamente assim, no caso, tolerantes.
Mas aqui temos o contraponto da outra sabedoria popular que lembra as papas com que se enganam os segundos, como que para nos recordar que é aquela muito complexa e de outra forma seria insólito que tivéssemos conseguido tanto em tão escasso par de centenas de milhares de anos.

Contudo, não deixa de ser interessante que o povo faça a leitura que lhe atribuis, pois a verdade é que a criança expressa tolerâncias que, muitas vezes, estão interditas aos adultos pela formatação que a sua cultura lhes deu -e isto sem qualquer ponta de determinismo cultural que seria de todo um absurdo pela contradição entre as partes que pressuporia em relação aos argumentos anteriores. Os preconceitos rácicos são um bom exemplo disso e qualquer jardim escola misto é um bom laboratório em que tal se pode facilmente verificar.

Mas a consciência e o livre arbítrio, bem como a inteligência são apanágio de qualquer um e por isso as crianças assimilam e processam e também agem pela sua própria vontade e são bem conhecidas as histórias de meninos e meninas perversos que se comprazem com o mal alheio. É a natureza humana e foi justamente nela que as utopias de um homem novo -subtilmente a companheira da ideia do mundo novo de um amanhã melhor- esbarraram. Afinal somos apenas humanos inapelavelmente sujeitos ao erro, no limite, de uma opção desajustada para com os outros ou outrém.

Daí o sentido ético encontrado para a inteligência que é a propriedade que nos é dada para interagirmos com o mundo envolvente.

Será que só no Seu encalço seremos capazes dessa inteligência ética? Não me parece que Ele seja o único caminho para aí chegar e a criança que se fez homem, mesmo longe Dele, não estará por isso mais distante de conseguir encontrar-se em tal uso da inteligência.

Devo admitir que também não me parece que seja um caminho fácil e apesar de compreender o pensamento da personagem e de genericamente até ser capaz de o subscrever, não reinvidicaria para mim a exemplicação de alguém assim.
Mas eu limitei-me a escrever o conto, só isso.

Aquele abraço, companheiro

Luís
luis santos disse...
Olá Luís. Só agora, 6ª feira, 19h, li o teu texto. Curiosamente, o texto que publiquei hoje cruza parte da temática que aqui abordas. Embora tivesses feito referência no texto anterior ao homem de Piltdown não há relação nenhuma entre ele e este que agora publiquei. Digo-o,simplesmente, para evitar más interpretações entre os mais desprevenidos. De resto, não será de estranhar que aqui e ali abordemos temas comuns...

Grande Abraço.
10 de Setembro de 2010 19:36
Luís F. de A. Gomes disse...
Não há qualquer problema e muito menos qualquer possibilidade de mal entendido.

A Antropologia, melhor dizendo, o vasto universo das Antropologias abarca um conjunto de saberes e métodos de pensamento e entendimento da realidade do Homem incrível; a Antropologia está para a Humanidade com a Astrofísica para o Universo. É depositária de conhecimentos a respeito de toda a História Humana quer enquanto espécie em si, quer enquanto ser social e portanto enquanto o animal cultural que por isso se adaptou a todas as geografias da Terra e, numas mais radicalmente que noutras, as alterou em seu benefício –esta do seu tem muito que se lhe diga se atendermos à muitíssimo desigual repartição dos rendimentos a nível planetário e particularmente dentro de cada país. Seja como for, a Antropologia é talvez a única área de saber que nos permite uma visão global da nossa caminhada, na medida em que na sua vertente antropobiológica -salvo seja a expressão- nos obriga a uma certa reconstrução cultural do passado pelo que, obviamente em âmbito inter-disciplinar, nos habilita a podermos ver um filme das diversas culturas quer no espaço quer no tempo. Com efeito, existe aí um banco de dados a respeito de todas as populações humanas que actualmente habitam o planeta.
Não estamos contudo no domínio de uma ciência exacta. A um certo nível, estamos mais perto das metodologias da História, genericamente das Ciências Sociais; quando falamos da hominização, aproximamo-nos das competências e modos de operar do campo das biologias. Tanto num caso como no outro não há a possibilidade da demonstração pelo que os argumentos, as ideias e as teorias não têm que ser necessariamente universais, isto é, aceites por toda a comunidade científica ainda que haja toda uma linguagem que o é, uma série de conceitos que são reconhecidos de igual maneira em toda a parte e até explicações que são tidas como boas por todos os que se debruçam sobre tais matérias. Ora se uma atitude científica pressupõe, em si mesma, a abertura para a pluralidade de expressões e pensamentos e, de facto, tal sucede em todas os quadrantes dos saberes científicos, mais ainda será de esperar que ela aconteça num domínio onde a característica da universalidade é tão difícil de atingir e nem sempre é possível.
É enorme a variedade das correntes que já surgiram na Antropologia Cultural e sem prejuízo de preferirmos umas a outras, de considerarmos uma teorias melhores que outras, certas explicações mais elegantes que outras, é absolutamente natural que hajam pontos comuns nessas muitas abordagens e que em alguns pormenores aconteçam repetições. Não vejo que venha mal ao mundo por isso e pessoalmente não é algo que me preocupe.
É bom de ver que há todo um potencial de reflexão que só tem a ganhar com a multiplicidade de leituras e pontos de vista e isto sem prejuízo da reserva de achar que nem todos os contributos tenham resultados positivos e enriquecedores. Seja como for, mais não sendo pelo efeito do espelho, tenho por princípio que a pluralidade de abordagens é sempre um fermento propício ao aparecimento de ideias –novas ou renovadas- ou ao seu aperfeiçoamento.

(continua)
Luís F. de A. Gomes disse...
Quando me candidatei aos estudos universitários, teria entrado em qualquer dos cursos a que poderia aceder. Escolhi Antropologia não por qualquer curiosidade científica propriamente dita ou qualquer vontade de vir a trabalhar nessa área, mas apenas porque pelos dados que então reuni, me pareceu que era aí onde melhor me poderia habilitar para fazer aquilo que realmente queria e que era fazer literatura de ficção, quer dizer, entre os diversos cursos por que poderia optar, tudo indicava que seria aquele em que poderia aprender as mais relevantes ideias e teorias, bem como as melhores metodologias e ferramentas de pensamento para me arriscar a tentar compreender a humanidade, a natureza humana e a partir daí, pelo menos, conseguir construir personagens credíveis e consistentes, mundos inventados, é claro, mas que formassem pessoas, tal qual eu e tu, capazes de saírem das páginas do livro e ganharem vida própria, a respeito dos quais nos fosse dada a sensação de que os mesmos poderiam sentar-se connosco a uma mesa e conversas –como o fazem aqui neste conto.
Hoje, mais de trinta anos passados sobre essas decisões, não tenho a menor dúvida que acertei, em cheio.
Como é fácil de entender levei a licenciatura muitíssimo a sério a que não foram estranhos os resultados finais da mesma e para além desse interesse particular que referi, confesso que comecei por me espantar com o interesse o potencial daquele universo de saberes e à medida que fui crescendo nos estudos, fui ganhando uma curiosidade intensa por diversas das suas problemáticas e posso dizer que acabei por extravasar o principal motivo que ali me levara, acabando por me vir a pós-graduar e, ainda que na modalidade de um trabalho independente e freelancer, se o termo aqui tem alguma aplicação, até a permanecer activo e a fazer trabalho de investigação na área do racismo.
Mas isso é uma decorrência do meu principal interesse que é a literatura e como há muito que percebi que esta última é mais uma das fontes de conhecimento a respeito do Homem, nada há que lhe possa ser estranho ou desprezível e muito menos ideias –vindas de onde vierem e ainda mais das Antropologias- que naquela não possam ser processadas de maneira a que os leitor seja confrontado com o convite para reflectir sobre este ou aquele assunto, este ou aquele fenómeno.

Ora como poderia então haver mal entendidos? Não poderia, a menos que eu tivesse a pretensão de saber tudo ou ter a única verdade ou… Sim, é claro, essa hipótese também é válida, fosse pura e simplesmente parvo e pensasse que todo e qualquer teria que pensar exactamente como eu. Seria uma tristeza e, sobretudo, uma ofensa para este próprio espaço que se alguma característica tem, é ela a diversidade, de opiniões, abordagens, gostos e preferências. É assim afinal que é a vida e é exactamente dessa maneira que gosto dela pelo que é assim que deve ser e apesar de ser parte interessada e, em conformidade, a minha opinião ser parcial, não tenho dúvidas em dizer que é dos blogues mais interessantes com que me tenho deparado e só é de lamentar que não seja mais conhecido.

E pronto, aquele abraço, companheiro
Luís
luis santos disse...
Obrigado pelo extrordinário conhecimento que as tuas palavras revelam. Só Deus sabe quanto te devo por ter a possibilidade de ter tido na minha vida um amigo-primo-irmão ligeiramente mais velho.

Que Deus te abençõe, sempre!
Luís F. de A. Gomes disse...
É verdade, estamos perante a amizade de uma vida que já vai ganhando volume no número de décadas que contém.
Sempre brindo a ela, do fundo do coração, pois não tenho dúvida alguma que em boa parte, em ela, por ela, no âmbito de todas as envolvências que aí houverem e as vivências, as experiências, as aprendizagens que proporcionaram, não só em boa parte vieram a condicionar muito daquilo que eu sou, como pessoa, como também a propiciarem grande parte do húmus em que procuro gerar as palavrinhas com que vou criando as pequenas histórias que gosto de contar.
Sobre este último aspecto, para quem ler com atenção o que tenho vindo a escrevinhar, há todo um clima que se faz sentir, todo um laivo de humor ao mesmo tempo subtil e carinhoso que percorrem as minhas páginas que vêm justamente desses anos em que a nossa amizade se foi solidificando e que foram os mais importantes e decisivos para o nosso crescimento enquanto pessoas.
É pois de uma longa amizade que estamos a falar que pode ter andado por aqui e por ali mas permaneceu, sempre e por isso e pelo que disse anteriormente, sempre a ela brindo, no fundo do meu coração.

Nesta medida, tenho a certeza que Ele sabe ser essa dívida recíproca e acredito que, por tudo o que escrevi, se Fosse dado a pensar sobre ela, concluiria pelo peso maior do meu prato.

Aquele abraço, velho companheiro

Luís
A.Tapadinhas disse...
"Quer dizer, os cientistas ainda não sabem explicar muito bem porque é que ocorrem essas transformações que resultam na evolução das espécies. Sabemos que se tratam de mutações e tudo indica que elas decorram de erros de transmissão do código genético. Mas não existe uma explicação inteligível e aceite para que isso suceda e então admite-se, se quiser provisoriamente, como é da praxe da construção do conhecimento científico, aceita-se então provisoriamente que isso possa ocorrer por mero acaso. Depois há o facto de algumas alterações serem benéficas para os indivíduos, isto é, terem a propriedade de lhes conferirem vantagens adaptativas e outras não e isso parece que acontece por acaso."

Já Darwin tinha notado que as variações apareciam por acaso nos animais em cada ninhada, na cor, tamanho, nas sementes, em tudo. Ninguém sabia por que razão a selecção natural se mantinha, apesar do acasalamento indiscriminado de cães, gatos, pombos... Raio da evolução que não seguia um padrão certinho. Só sabia funcionar aos saltos!
Até que, Mendel, um frade Agostinho, que gostava de botânica e estatística, começou a combinar ervilheiras de diversas cores e a apontar os resultados. Quando ele misturou ervilheiras verdes com amarelas, as que nasceram eram amarelas-amarelas, e não amarelo-esverdeado ou verde-amarelado. Mas na terceira geração, essas sementes amarelas, tanto davam flores amarelas como verdes.
As deduções que fez são, ainda hoje, as leis da hereditariedade e servem para flores, cães e homens.
Apesar de as ter publicado, em
1866, ninguém ligou às suas idiotas descobertas com as ervilhas.
Darwin morreu em 1882, sem saber que a falha maior da sua teoria estava corrigida: as súbitas alterações chamadas mutações.
Mendel morreu em 1884.
Em 1900 três botânicos preparavam-se para publicar as suas "descobertas", quando "descobriram" que Mendel, trinta e quatro anos tinha descoberto (sem aspas) o mesmo.
A biologia molecular perdeu uma geração, porque alguém não soube fazer um simples trabalho de casa.

Moral da história: Tudo acontece por acaso...
até evoluirmos o suficiente para encontrarmos a explicação.
:)
Abraço,
António
Luís F. de A. Gomes disse...
Tal e qual e melhor apresentado não poderia estar.

Mas vale a pena notar que o Darwin sofreu forte oposição dos poderes estabelecidos da época, particular e mais manifestamente por parte das autoridade religiosas de então e muito generalizadamente pela sociedade bem pensante da altura para quem as suas ideias e teorias eram simples heresias, quer por romperem por completo com a ideia de Criação que a ortodoxia do pensamento estabelecia como única explicação para o apareciento do Homem, quer por nos colocarem a modos que na a´rvore genealógica de outros primatas, ideia que parecia verdadeiramente bizarra e a que a imprensa da época respondeu com a gravura de um macaco com a cara do genial cientista.
Foi uma árdua luta académica e científica para que as suas teses viessem a ser reconhecidas e ainda para que fossem aceites como a melhor explicação para a formação e a evolução das espécies.
Em outras áreas, com outros protagonistas e até com outras vinganças, houve outros episódios equivalentes a esse. E certamente que não terá sido apenas neste lado do mundo de que estamos a falar.
É curioso reflectir sobre isso.

Mendel foi outro actor de tais cenários que no recato do seu convento provavelmente nem teve consciência da importância e das repercussões das suas descobertas. Mas nao deixa de ser de certo modo simbólico que tenha sido um religioso que tenha dado o contributo que referes e que, ao contrário dos mitos de origem, veio permitir perceber que somos o resultado de um longo processo evolutivo, manifestamente de acordo com as leis da própria Natureza.
Parece que não, mas a par da Revelação de Abraão, talvez tenha sido essa uma das mais decisivas revoluções no pensamento dos homens; seríamos diversos do que somos.

Se a colocarmos em perspectiva e se com isso considerarmos o de outras espécies que nos antecedem na História da nossa Evolução, aventura do conhecimento, apesar de tudo, tem sido das mais rápidas viagens que o espírito e o génio humano têm logrado.
Será que nos vamos queimar nas asas como no mito clássico? Será que sonseguremos a sabedoria bastante para manusearmos o fogo sem nos queimarmos? Essas são dúvidas que perturbam e sobre as quais vale a pena pensarmos e é justamente aí que me parece que a literatura as outras artes se encontram como fontes de conhecimento para os homens, para além de lhes saciar a sede de oinirismo e evasão que tudo aponta para que tenha surgido com a nossa espécie, o sapiens sapiens.

Vê lá bem o que o Pessoa tem propiciado. Poderá haver alguém que duvide da grandeza da obra que nos legou?

Aquele abraço, companheiro

Luís
A.Tapadinhas disse...
Não resisto a fazer-te um desafio! Já te confessaste admirador da ficção científica.

Neste parágrafo - Digamos que assim, a Humanidade, se é que pudéssemos usar esse termo para uma qualquer espécie que se nos assemelhasse, seria seguramente outra -, fazes uma afirmação com a qual não podia estar mais de acordo.

O desafio, a pergunta do milhão de €uros é: Qual Humanidade resultaria dessa "ínfima" alteração?

Recordo-me dum livro de fc em que a humanidade era gerida por religiosos que recebiam instruções directas de Deus e nisso baseavam o seu poder...

...com resultados deploráveis.
:(
Abraço,
António
Luís F. de A. Gomes disse...
Sim, certamente e sempre que os poderes se baseiam numa qualquer forma de verdade revelada, seja ou não religiosa e os exemplos da História são fartos a esse nível, os resultados sempre trouxeram o rasto do sofrimento e da morte.

Mas é curioso perceber como é que os sistemas religiosos –se assim se pode falar- estiveram, quasi sempre e isto para reserva de algum que me escape e não possa ser incluído em tal reunião, os sistemas religiosos, dizia, quase sempre estiveram associados a formas de domínio e controle do poder e é ainda mais curioso verificar que muitas vezes fizeram uso dos conhecimentos a respeito dos fenómenos naturais justamente como instrumentos de manipulação e de afirmação da supremacia de tais deuses sobre os homens e, por via disso, de reforço e consolidação desses centros de poder. Praticamente desde o aparecimento e consolidação que os primeiros estados trouxeram consigo todo o aparato de estruturas religiosas. Eram as previsões dos ritmos e manifestações da Natureza que iam desde as mais simples orientações no que se refere a sementeiras e colheitas, às mais sofisticadas previsões de eventos cosmológicos, como, por exemplo, eclipses e que os senhores dos templos, por serem, em grande parte, guardiães dos saberes mais relevantes da época, usavam a favor do reforço e da continuidade da sua própria importância e poderio. Daí a vulgaridade das teocracias.
Já quanto ao desafio que colocas é de difícil solução pois não se trataria de uma ínfima alteração, antes de uma alteração fundamental. Não se trataria de uma simples alteração de valores e princípios éticos, em que, por exemplo, num mundo exótico como o império romano dos séculos da que ficou conhecida por pax romana, os nossos semelhantes de antanho se dessem a comportamentos que tomaríamos simplesmente por criminosos, como o vulgar infanticídio que até era uma das formas de controle demográfico ao alcance da época. A diferença seria outra, antes de substância que não apenas em termos formais.

(cont)
Luís F. de A. Gomes disse...
(continuação)

Poderemos olhar as espécies hominídeas que nos antecederam e tentar perceber que diferenças poderiam haver entre elas e nós.
Uma de ordem fundamental, é que os mortos ficavam onde tivessem morrido muito simplesmente por não haver quem os chorasse. Isto parece pouco mas traz todo um cortejo de impossibilidade de pensamento ético que só à nossa espécie –sapiens sapiens- foi bio-geneticamente consentido e que marca a diferença fundamental entre o que poderia ser um mundo de caçadores homo erectus e um outro bando já composto pelos nossos avós.
E aqui entra mais uma curiosidade; é que tudo indica que apenas o nosso cérebro apresenta as circunvoluções correspondentes ao que se pode designar de pensamento religioso. Por outras palavras, os cérebros das espécies que nos antecederam na nossa árvore genealógica, não apresentavam as áreas correspondentes a essa actividade mental e a verdade é que a arqueologia jamais encontrou provas do contrário nos vestígios que desses seres chegaram aos nossos dias.
Será que os laços entre mães e filhos seriam da mesma ordem que aqueles que se formam em todas as populações humanas actuais? Provavelmente não, ainda que seguramente houvesse afecto.
Haveria sentimento de perda perante a morte de outrem, por mais chegado que fosse? Continuamos na probabilidade negativa que nos leva a pensar que a caça ao semelhante, o flagelo sobre o semelhante, não teriam na mente as barreiras de um pensamento ético que seguramente não existia.
As diferenças seriam portanto de esta ordem e o mundo resultante é o da lógica da sobrevivência, pura e dura, ainda que já pudessem haver manifestações que representassem a alegria de estar vivo para lá dos simples actos ligados àquela prova primacial.
E continuamos sempre no âmbito daquilo que nos espanta; é que quase se poderia dizer que a Humanidade se foi fazendo a ela própria.
Os já citados romanos, por exemplo, em cuja cultura havia uma vasta produção de pensamento no domínio da moral e da ética, não viam qualquer problema em matar um recém-nascido muito simplesmente por não acreditarem que o mesmo fosse de imediato um ser humano. É muito curioso ter isso em consideração pois, pessoalmente, uma das mais espantosas revelações que se verificam a partir de certos modelos matemáticos de abstracção que desenvolvi no contexto das investigações sobre o racismo que tenho vindo a efectuar, é justamente que nós não nascemos humanos, fazemo-nos humanos, ainda que todos nasçam com as características bio-genéticas que permitem dar e consolidar esse passo.
É pois interessante de ver que na Evolução sucedeu o equivalente; um dia surgiu alguém com um cérebro capaz de desenvolver o pensamento a respeito do transcendente e tudo indica que foi a partir daí que historicamente surgimos nós. Ora isto deveria dar muito que pensar, mas é conhecimento recente e por isso com um longo caminho à frente para percorrer.

(cont)
Luís F. de A. Gomes disse...
(continuação)

O desafio que colocas, o de imaginar uma espécie com a Fé geneticamente transmissível, teria que nos levar para outras animalidades, salvo seja a expressão, uma espécie de abelhas ou formigas que sabem o seu papel à nascença e que nascem obreiras ou soldados sem que possam fazer nada em sentido contrário pois isso está determinado pela sua biologia. No caso, todos esses seres viveriam de acordo com a procura de Deus e nesse sentido seria mais ou menos um mundo sem conflito, na medida em que sem excepção todos tomariam o semelhante como à sua própria pessoa e por isso agiriam em conformidade com a busca da Eternidade.
Nesse aspecto, creio que seria mais emocionante pensar nos mutantes. Como seria se aparecesse um indivíduo que, por defeito genético, nascesse, vamos colocar a hipótese, tal como nós nascemos, sem estarmos programados para ter Fé. Será que o sujeito teria vantagens adaptativas que o levariam a dominar os outros? Como se constituiria então o seu sistema de valores e em que se fundamentaria ou poderia fundamentar? Levá-lo-ia a reproduzir-se e a dar origem a uma nova população dominante?
Quanto a mim, este seria um desafio com muitas mais potencialidades para reflectirmos sobre a Humanidade que somos. Mas apesar de gostar de fc, e apesar de até já ter escrito fc –teatro- ainda não chegou a hora e para ser sincero nem sei se jamais chegará, para que eu me atire a uma história em tais incertas águas; pelo menos por agora, não me parece que tivesse alguma coisa a acrescentar a esse quadrante literário onde há monumentos como um Verne, um Wells, um Clarcke ou um Asimov que anteciparam futuros que hoje tomamos por banalidades deste presente. Pessoalmente, não tenho e dificilmente poderia vir a ter conhecimento suficiente para chegar a tanto.

Aquele abraço, companheiro
Luí

A.Tapadinhas disse...
É necessário um elaborado conceito intelectual, para tomar consciência que eu (cada um de nós) sou irrepetível, único e, por isso, importante em tudo o que se desenrola no mundo. Bater de asas da borboleta, na teoria do caos...

Os nossos avós para sobreviver, depressa chegaram à conclusão que o grupo era indispensável à sua sobrevivência, porque havia animais mais fortes, mais rápidos, mais... tudo, excepto um pequeno pormenor: não tinham o polegar oponível.

A família, cedo se transformou num conceito alargado (e com tendência para alargar cada vez mais): tribo, povo, raça... ... humanidade!

Estamos, agora, no dealbar de um novo conceito: o planeta não é exclusivamente nosso, os animais e as plantas não foram colocados na terra para nosso divertimento...

Cada um de nós tem uma imensa responsabilidade: temos a inteligência, temos os meios para, não digo evitar o colapso, digo prolongar este ciclo de vida.

Far-se-á com pessoas como, Pessoa...

...mas sem os pintassilgos que poisavam regularmente às terças-feiras, no meu quintal!

Obrigado por teres compartilhado connosco este belo trabalho!Faz bem à saúde pensar! Parabéns!

Aquele abraço,
António
luis santos disse...
Obrigado pela partilha dos bandos de pintassilgos que sempre pulularam pelo nosso quintal. O Fernando Pessoa sai envaidecido pelas ricas reflexões que te proporcionou. E terá gostado de ler, com certeza. Uma outra figura sempre omnipresente durante as leituras, não menos valiosa em nós que Pessoa, foi o Francisco José Gonçalves, ele próprio, todo ele, um pintassilgo, nas cores, no esterno, na alegria, o que o tornava único, pois claro, à semelhança de cada um de nós. Aqui fica uma singela homenagem a esse nosso companheiro de passarada, e tão parecidos com os anjos que são. É esta importância de sermos únicos, creio, que torna tão singular, especial, este nosso Estudo Geral. Esta capacidade de assumirmos e partilharmos com os outros as nossas criações, não ficando atrás dos que revelam o artista que existe no fundo de cada um de nós. Ou a vida não fosse um palco e a luz das estrelas os holofotes que nos fazem brilhar. "O homem não nasceu para trabalhar, mas sim para criar", diria o Professor Agostinho da Silva. Felizes dos que atingiram na vida a criatividade absoluta, quem sabe o "update" necessário para transmigrar para outros planos... Talvez por isso seja importante continuar o Estudo. Já pensaste na próxima partilha habitual das terças-feiras?
Luís F. de A. Gomes disse...
Pois é Tó, pensar faz bem à saúde e aquilo a que estes pintassilgos poderiam aspiurar seria a isso mesmo, deixar um pequeno convite para que as pessoas pensem, preferencialmente pela sua própria cabeça, pois afinal sempre caberá perguntar o que andamos cá a fazer que é capaz de ser uma das questões cruciais que nos distinguem dos outros seres vivos.

Em todo o caso devo dizer que faltam ainda os finalmentes pelo que não será hoje a despedida, propriamente dita, dos fascículos deste conto, apesar de a história, essa, ter, de facto, terminado.

Obrigado pelas tuas palavras que são sempre reconfortantes de ouvir, mas o prazer por ter escrito e, porque não dizê-lo, de o apresentar publicamente, foi meu e quanto a este último aspecto, mais ainda por o ter feito num espaço tão interessante como este blogue.

Aquele abraço

Luís
Luís F. de A. Gomes disse...
É isso amigo o homem nasceu para pensar, mas o problema é que no pensar é que está a subversão e vai daí, os senhores do mundo...

O "Estudo Geral", à sua mnaneira, vai por esse caminho, mais não fosse pelo facto de se fazer contra o pensamento único de que enfermam as sociedades em que vamos vivendo e que tanto atrofiam a individualidade de cada um, das quais fazem fonte de força do rebanho que mantém os alicerces do mundo de ganância que se tem consolidado desde há vinte anos para cá e onde, apesar de todas as melhorias, porque as há e sucessos na saída da pobreza de milhões e milhões de almas vivas, a concentração da riqueza é cada vez maior, a repartição da mesma tem sofrido retrocessos graves e, em conformidade, aumenta o fosso entre os mais ricos e os mais pobres.
Faltam pois pensamentos alternativos e, nesse sentido, o "EG" -é giro porque se pode dizer o ovo, quer dizer a semente de um futuro- é uma praça de liberdade, um exemplo de coragem e de fermentação de ideias que, para meu gosto pessoal e aqui sempre ressalvo que, de certa maneira, sou parte interessada pelo que o meu ponto de vista será sempre parcial e jamais isento, mas seja como for, dizia que o EG é uma casinha de conversas e pensamentos que dá gosto acompanhar, repito, na minha opinião, é claro.

Tal como é claro que este meu conto poderia, atendendo ao título, ser dedicado à memória desse nosso irmão que já partiu há duas décadas para nos acompanhar a partir do regaço da Eternidade onde seguramente está. Contudo, dediquei-lhe um conto que compilei nas "Histórias da Margem Sul" e que justamente, faz salvaguarda da memória da nossa infância justamente relacionada com esta vertente da passarada. Depois, depois decidi que estava na hora de dedicar um trabalho à Bélinha que me acompanhou no meu crescimento de quem escreve e muito acabou por contribuir para que eu tomasse o rumo que tomei em direcção à obra que tenho vindo a realizar, mesmo que em silêncio e que agora tenho vindo a divulgar ao público leitor -arrogando-me da vaidade de ter um público leitor.

Quanto ao futuro, já tenho ideia do que vou apresentar e de como o farei mas não será aqui e agora que vou falar disso. Apenas posso acrescentar que, da mesma maneira que o "Há Pintassilgos..." me pareceu ser um trabalho adequado para sair aqui, no EG, tenho para mim que o mesmo sucederá com a próxima publicação que conto fazer. Seja como for, ainda faltam algumas semanas até chegar lá, pois há os finalmentes dos pintassilgo que terão que ser feitos. Há a regra da honestidade intelectual para respeitar.

Aquele abraço, companheiro

Luís

Sem comentários: