quarta-feira, 15 de junho de 2011

d´Arte - Conversas na Galeria XLII


Castelo de Palmela Fotografia de Aníbal G. Sousa
Esta fotografia foi tirada pelo meu amigo Aníbal, que é um fotógrafo e caminheiro emérito, conhecedor de todos os recantos da Serra do Louro, e que por isso obtém ângulos pouco habituais, mesmo para os que conhecem a região.

A vez de Palmela
Todos os anos tenho colaborado na festa da minha terra, Pinhal Novo, apresentando um pavilhão com as minhas obras, algumas delas executadas especialmente para a ocasião.
Pensei que seria interessante ir mostrando o desenvolvimento de um quadro até à sua conclusão. Mostrar a fotografia que serve de base para a composição, a selecção do tamanho, o seu desenho, a escolha das cores, a técnica utilizada, o estilo para tornar o tema mais sedutor.
O plano é, no fim de cada dia, ou depois dum avanço significativo, mostrar as diversas fases do processo da sua execução.
Se este convite resultar nuns momentos agradáveis de convívio, terei muito gosto em repeti-lo para uma outra exposição que tenho agendada para a rentrée.
Na abertura da festa, a Presidente da Câmara de Palmela, Ana Teresa Vicente, acompanhada do Presidente da Junta de Freguesia, Álvaro Amaro, passam por todos os stands, trocando algumas palavras com os feirantes. Tem acontecido, que eu exponho quadros com paisagens de diversas terras do distrito e, por acaso, a vila de Palmela não tem sido contemplada nessa mostra. Depois dos cumprimentos, tem surgido a pergunta: Para quando um quadro de Palmela?
A resposta está agora a ser construída...




Castelo de Palmela (em construção) Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre tela 40x50cm

Utilizei este formato, tendo em atenção o espaço limitado de que disponho e as características populares da festa.
Depois destas primeiras horas de trabalho, ficou estabelecida a linha do horizonte, a localização de alguns pontos guia e o tom geral da obra. As cores do céu, já estão replicadas no acidentado terreno, para que a harmonia esteja presente desde o início. Estou a trabalhar com as cores puras directamente sobre a tela, para dar uma forte textura ao suporte do motivo principal da obra: o Castelo.
Amanhã, quando lhe voltar a pegar, a tinta acrílica já estará completamente seca. Qualquer correcção que eu queira fazer, tem de ser com uma navalha para a raspar. É esta a grande diferença para a tinta de óleo: ainda não estaria seca, o que permitiria a sua mistura com as tintas que quisesse utilizar no dia seguinte.
Então, até quinta-feira!

3 comentários:

Luís F. de A. Gomes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luís F. de A. Gomes disse...

Aguardemos pois a conclusão; não podemos comentar aquilo que está por acabar.

De qualquer forma, se assim ficasse, dir-ze-ia que a neve parecia querer criar o espanto de uma ilha suspensa nas nuvens o que nos remeteria para aquelas histórias improváveis de universos imaginários que usamos enquanto espelhos deste que habitamos.

Hoje, o mundo está suspenso das nuvens, mas não pelo motivo maravilhoso de um qualquer estado de felicidade em que os humanos pudessem viver ou que tomassem como paradigma da busca de uma vida, antes pelo desamparo em que a vastíssima maioria dos nossos semelhantes está a ser atirada para o trapézio da precariedade que a ganância e a rapina de uns quantos -os mercados, as instituições financeiras, as grandes organizações, têm rostos, são constituidas por pessoas e, nessa medida, por muito que o chamado realismo, a dita sensatez e quejandos pretendam o contrário, por isso sujeitas ao livre arbítrio- os estão empurrando.

Temos pois que desenvolver esforços para conquistarmos o castelo da justiça entre os humanos o que, pelos cenários que vamos vendo, terá que ser com a força de um Henrique, uma vez que os sitiados estão de tal maneira
cegos e agarrados à ganância que não abdicam de uma gota de água que seja para matar a sede ao semelhante.
A alternativa... É muito simplesmente o castelo de Palmela, ainda antes de estar acabado, vir por aí abaixo, para se estatelar num dos fundos dos nossos martírios.

Depois de amanhã, haveremos de voltar a morrer nas barricadas da liberdade.

Aquele abraço, companheiro
Luís

A.Tapadinhas disse...

Como sabes, nasci no Pinhal Novo onde passei toda a minha infância. Da minha casa, olhando para Sudeste, via o Castelo de Palmela, forte e altaneiro como se tivesse sido gerado pelas rochas que o sustentam.

Sempre que regressava de qualquer viagem, era pela silhueta do Castelo que eu primeiro sabia o tempo que faltava para chegar a casa; mais, quando o via, já me sentia em casa...

Só muito mais tarde o Castelo se tornou um sinal de opressão dos imperialistas palmelenses que por todos os meios tentavam impedir a independência de Pinhal Novo, a freguesia que era mais populosa do que a sede do Concelho e a sua maior fonte de receitas...

E é com estas "pequenas" batalhas que todos ganhamos ou perdemos, que se vai esquecendo a guerra que todos nós temos de travar...

...como tu, muito bem, nos fazes o favor de recordar.

Abraço,
António