JOÃO
COUTINHO
Nasceu em 1944 no
antigo Congo Belga, hoje República Democrática do Congo, onde o acaso fez com
que os seus pais se conhecessem depois de terem abalado de Portugal em busca de
um futuro melhor. Dali partiriam para Angola onde se fixaram no Chissingui,
entre o Kuito e Kamakupa, na província do Bié. É licenciado em Línguas e
Literaturas Modernas, foi professor, faz traduções e colabora na área do
desporto com a RTP-Madeira.
Como todos os jovens da
sua geração foi obrigado a participar na guerra colonial onde foi tomando
contacto com novas gentes e novas realidades, constatando haver muitas coisas
que desconhecia e que não vinham nos compêndios escolares. Foi o pretexto para
que, tendo como pano de fundo a História de Angola, se decidisse a escrever um
livro onde se cruzam histórias de luta e sacrifício daqueles heróis, anónimos
alguns, que foram construindo a Angola que hoje conhecemos: desde Bernardino
Freire de Abreu e Castro que, partindo do Brasil em 1849 com cerca de cento e
sessenta pessoas, chegou a Moçâmedes para fundar uma colónia, até acompanhar o
sertanejo Silva Porto (que também não tivera sorte no Brasil) nas suas viagens
pelo interior de África. Depois vivemos a história de Mariana, a degredada, que
se cafrealizou totalmente para conseguir sobreviver; seguimos a saga de Lazló
Magyar, um húngaro quase ignorado que abriu sertões desconhecidos; relembramos
o médico canadiano Walter Strangway que, na Missão da Chissamba, tanto bem fez
a quem precisava sem olhar à cor da pele, ou seja, o autor desvenda-nos um
grande número de episódios que fizeram parte da atribulada epopeia
luso-angolana ao longo de quinhentos anos, alguns desconhecidos da grande
maioria.
São muitos os episódios que, como os que atrás
referi, vêm descritos neste livro, publicado em 2005 pela Editora Ausência,
intitulado “OS VERDES DO MATO NÃO ACABAM”, belíssimo título que reflecte a
imagem telúrica da força regenerativa das terras africanas. Mas, sobre ele,
escutemos o Autor:
“Este livro conta
histórias verdadeiras e outras só imaginadas. A fronteira entre umas e outras
só o leitor a poderá estabelecer. Porque são histórias de pessoas e de
sofrimento, são verdadeiras. Porque são histórias de utopia, são falsas.
Mas só o currículo
oculto do leitor será capaz de ver para além do que está escrito. Como sempre.
Só que este pretende ser um testemunho de gerações, que vai tentar ajudar a
compreender como foi possível ter acontecido a grandeza e a tragédia humana que
aqui se narra. As personagens são a amálgama de muitos milhares que viveram e
povoaram a geografia sacrificada de Angola. A certa altura, algumas desaparecem
do livro. Não se lhes conhece o destino. Mas foi o que se passou na realidade.
A última geração teve
de passar pela chamada guerra colonial ou de libertação. Nestas histórias
poderão compreender um pouco mais a experiência vivida. Será também o regresso
a uma realidade que alguns fizeram por esquecer. Mas não puderam. Em
contrapartida os seus filhos de quase nada souberam ou sabem.
Cada um terá uma
explicação para o facto.”
Tomás Lima Coelho
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