MIRADOURO 48 / 2014
O retrato do avô
Na casa sentado
á cadeira de verga
via de olhos ternos
o retrato de meu avô.
meu reparo sereno que era
na moldura habitava o silêncio
do que fui e ainda sou.
o candeeiro que via preso ao teto,
luzia num sol o petróleo que foi então
agora elétrica, perfeita, maldita na saudade
com a cómoda em baixo inerte ao chão
girando o tempo da minha humanidade.
de súbito pela porta entrando em casa
alegria que entra toma lugar á mesa
no televisor que canta partiu um
prato
e o avô que de olhos no destino
repousa tranquilo do seu retrato.
Diogo Correia
Cabeção
31/8/ 2012
(homenagem ao meu trisavô Luís Cravidão)
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