sábado, 27 de dezembro de 2014

O Homem da Caverna do Século XX


O Homem das Cavernas é o menino de rua das metrópoles atuais. Assim como aquele; vemos hoje em dia pessoas vivendo como no tempo das cavernas, isto é, inconscientes do mundo que as cerca com toda a riqueza e tecnologia atual, vivendo verdadeiras famílias exclusivamente da predação, catando lixo, restos de comida e jornais velhos para alimentação, aquecimento e aquisição de algum bem necessário. Garimpando restos de caixotes velhos, Elas acendem o fogo que vai aquecê-las nas noites de inverno e preparar algum alimento cru retirado do lixo das Feiras Livres. Banhando-se no Chafariz da Praça, lavando ali suas maltrapilhas roupas, latas que utilizam como utensílios domésticos, vivem num abismo primitivo dos viadutos e marquises atuais, vivendo da prima matéria como nossos antepassados moradores das cavernas que pescavam nos rios e lagos seu sustento, assim, o menino de rua de nossos dias, “pesca” na rua através de pequenos furtos e trabalhos informais a sua sobrevivência.

Com latas de azeite e garrafas de vinho encontradas no lixo, fazem seu banquete. Água morna? Nem pensar! Geladeira? Gela mais rapidamente a água completamente fria do Chafariz! Não há um verdadeiro repouso, tudo é apenas aparência. A quietude aparente desses nossos “meninos” é causada pela fome ou pelo frio absoluto do inverno. O tempo é o verdadeiro despenseiro e depositário de suas vidas, e os socorre quando lhe é confiado por um lapso considerável, aquele maltrapilho, protegendo-o, defendendo-o de toda força externa, só se manifestando em ajuda interior, de vez que a ajuda externa está interrompida.

“Pai que está no Céu”; Essência do Cósmico, Mestre Interior, projeta-se para a Terra; Eu exterior, faça o homem estabelecer a comunicação entre os dois; “O Pão nosso de cada dia” (processo de nutrição psíquica, simbolizado no pão) é-nos dado hoje para a necessidade do hoje, no aqui e agora; o pão de amanhã nos será dado amanhã”!

E o pão desses meninos? País da Igreja Católica, neoplatônicos e hermetistas, onde estão vocês?

Como o conceito de Deus não pode ser imposto, não se pode impor a caridade, ambos devem brotar da vivência e da meditação de cada um. É vã a tentativa do homem de compreender a Deus em sua infinidade, em comparação com as coisas finitas deste mundo.

Os chamados pagãos tentam expressar o Deus infinito de maneira finita, disto decorrem seus grosseiros ídolos, ou estátuas. Pela complexidade da ideia, muitos preferem relacionar-se com Deus através de um mediador, alguém mais próximo da experiência humana, um anjo, um mestre ou o próprio Cristo. Outros preferem pensar numa Mente Cósmica, ou no Espírito Santo, contatando diretamente com sua mente subconsciente. Por que então não tentar compreender Deus através da infinidade de suas criações e entre elas o Ser Humano!


Walter Babosa de Oliveira
(in, Jornal da Federação dos Procuradores de Autarquias
Federais do Rio de Janeiro, 16 de Dezembro, 1996)

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