O Homem das Cavernas
é o menino de rua das metrópoles atuais. Assim como aquele; vemos hoje em dia
pessoas vivendo como no tempo das cavernas, isto é, inconscientes do mundo que
as cerca com toda a riqueza e tecnologia atual, vivendo verdadeiras famílias
exclusivamente da predação, catando lixo, restos de comida e jornais velhos
para alimentação, aquecimento e aquisição de algum bem necessário. Garimpando
restos de caixotes velhos, Elas acendem o fogo que vai aquecê-las nas noites de
inverno e preparar algum alimento cru retirado do lixo das Feiras Livres.
Banhando-se no Chafariz da Praça, lavando ali suas maltrapilhas roupas, latas
que utilizam como utensílios domésticos, vivem num abismo primitivo dos
viadutos e marquises atuais, vivendo da prima matéria como nossos antepassados
moradores das cavernas que pescavam nos rios e lagos seu sustento, assim, o
menino de rua de nossos dias, “pesca” na rua através de pequenos furtos e
trabalhos informais a sua sobrevivência.
Com latas de azeite e
garrafas de vinho encontradas no lixo, fazem seu banquete. Água morna? Nem
pensar! Geladeira? Gela mais rapidamente a água completamente fria do Chafariz!
Não há um verdadeiro repouso, tudo é apenas aparência. A quietude aparente
desses nossos “meninos” é causada pela fome ou pelo frio absoluto do inverno. O
tempo é o verdadeiro despenseiro e depositário de suas vidas, e os socorre
quando lhe é confiado por um lapso considerável, aquele maltrapilho,
protegendo-o, defendendo-o de toda força externa, só se manifestando em ajuda
interior, de vez que a ajuda externa está interrompida.
“Pai que está no
Céu”; Essência do Cósmico, Mestre Interior, projeta-se para a Terra; Eu
exterior, faça o homem estabelecer a comunicação entre os dois; “O Pão nosso de
cada dia” (processo de nutrição psíquica, simbolizado no pão) é-nos dado hoje
para a necessidade do hoje, no aqui e agora; o pão de amanhã nos será dado
amanhã”!
E o pão desses
meninos? País da Igreja Católica, neoplatônicos e hermetistas, onde estão
vocês?
Como o conceito de
Deus não pode ser imposto, não se pode impor a caridade, ambos devem brotar da
vivência e da meditação de cada um. É vã a tentativa do homem de compreender a
Deus em sua infinidade, em comparação com as coisas finitas deste mundo.
Os chamados pagãos
tentam expressar o Deus infinito de maneira finita, disto decorrem seus
grosseiros ídolos, ou estátuas. Pela complexidade da ideia, muitos preferem
relacionar-se com Deus através de um mediador, alguém mais próximo da
experiência humana, um anjo, um mestre ou o próprio Cristo. Outros preferem
pensar numa Mente Cósmica, ou no Espírito Santo, contatando diretamente com sua
mente subconsciente. Por que então não tentar compreender Deus através da
infinidade de suas criações e entre elas o Ser Humano!
Walter Babosa de
Oliveira
(in, Jornal da Federação dos Procuradores de
Autarquias
Federais do Rio de Janeiro, 16 de Dezembro, 1996)
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