quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O Coração da Vida




Paulo Borges
"Introdução", O Coração da Vida


"Escrevo e publico este livro com a convicção profunda de que pacificar a mente e despertar a consciência, levando-a ao pleno desenvolvimento de todas as suas ilimitadas potencialidades cognitivas e afectivas, deve tornar-se o centro das nossas preocupações e investimentos pessoais, sociais e políticos. Com serenidade, sabedoria, amor e compaixão, encontraremos as soluções mais adequadas para todos os problemas sociais, políticos, económicos e ambientais. Sem serenidade, sabedoria, amor e compaixão, todas as pretensas soluções sociais, políticas, económicas e ambientais jamais deixarão de se converter em novos e maiores problemas, como em geral tem acontecido. A humanidade paga muito caro a recusa da espiritualidade, que, insisto, não é religião, mas a expansão fraterna e activa da consciência. É isto que temos de mudar, se queremos realmente mudar alguma coisa. É a isto que chamo política da consciência, que começa pelo que se pode chamar a micropolítica da mudança de cada uma das nossas mentes e pela educação de cada um de nós e dos mais jovens para sermos mais conscientes da interconexão e interdependência de todas as formas de vida e dos ecossistemas, numa ética da responsabilidade e da solidariedade universal. A política da consciência é também a proposta de uma profunda mudança do paradigma dominante na política e, sendo transversal a todos os quadrantes ideológicos e partidários, transcende o espectáculo em geral triste e o horizonte estreito da política partidária e convencional, mediante uma visão de Bem Comum universal e integral que não desconsidera os seres não-humanos e os ecossistemas nem os factores internos, mentais e emocionais, da felicidade que todos procuramos, assumindo-os como parte das necessidades fundamentais de todo o ser humano. A política da consciência reúne contemplação e acção na acção integral, interna e externa, em prol de uma sociedade mais pacífica, solidária e desperta. Com efeito, como veremos, voltar a atenção para o interior e observar os movimentos da mente, deixá-los dissolver-se e repousar num estado calmo, claro e aberto, livre da fictícia separação entre eu e outro, pode revelar-se o fundamento indispensável de uma vida saudável e a acção interna que é a fonte de toda a acção externa justa e esclarecida, amorosa e compassiva. O estado do mundo e a tremenda violência contra a Terra e os seres, humanos e animais, são o espelho do contrário disto. Não há mudança de paradigma sem reunião da contemplação e da acção. Cremos ser este um dos desafios fundamentais do mundo contemporâneo, equidistante do extremo de uma contemplação sem acção externa e assim degradada numa experiência intelectual desprovida do calor e do dinamismo do amor e da compaixão, bem como do extremo oposto da obsessão do agir externo desprovido de visão e do mesmo dinamismo amoroso e compassivo e assim convertido numa agitação e activismo pouco esclarecidos e beligerantes que são parte de todos os problemas e de nenhuma solução"

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