sexta-feira, 22 de julho de 2011

ENCONTROS COM AGOSTINHO



NAMORANDO O AMANHÃ

(2ª. Edição)


2. OLHA, AQUI TEMOS UM CAMINHO


E queridos amigos, neste ponto há uma coisa de que estou convencido.
É que quando as resoluções vêm de cima, quando é para o geral de um país, elas vão ser pouco adequadas aqui e acolá. Há sempre alguma coisa a que o realizador não pode atender que não pode encontrar, aquilo que é pormenor deste ou daquele lugar.
De maneira que ao mesmo tempo que haja essa legislação geral, é preciso que haja uma vontade local –quase diria particular- que atenda ao problema da terra com cuidado.
E tendo a certa altura visto este problema com clareza, eu pensei o que era possível da minha parte fazer nisso.
Se eu fosse rico, não havia –eu quando digo ser rico, quero ter à minha disposição todo o dinheiro do mundo, porque se não falta sempre alguma coisa- então, se eu fosse rico, naturalmente eu, directamente ou por amigos, companheiros, chegava a algum lugar e dizendo: “-Qual é o problema económico desta terra?” e as pessoas eram capazes de me dizer, o problema é na agricultura, ou na indústria, nisto ou naquilo, qualquer ponto. Como este acto se resolve?
E eu não adiantaria nenhuma espécie de remédio. Eu deixaria que as pessoas me dissessem como acham que podiam resolver.
E quando elas tivessem um plano bem firme, eu então poderia chamar amigos economistas, ou amigos da agronomia, ou de qualquer outro assunto em que se tivesse tocado naquela conversa, para eles virem dizer quais os inconvenientes ou convenientes que haviam na solução marcada pelas pessoas.
E se houvesse discordância, eu iria até ao ponto de acreditar mais naquilo que as pessoas tinham achado como ideal, do que aquilo que viesse da ciência do meu amigo economista ou do meu amigo agrónomo. Porque acredito muito mais, como modelador na vida, na vontade que as pessoas têm dentro de si do que naquilo que aprenderam nos livros; podem eles estar errados, pode a pessoa ter lido em diagonal, ao passo que ter tido um ideal e satisfazê-lo, mesmo que se verifique no fim que a coisa não deu certo, é para a pessoa um renovar de confiança em si próprio. Ele ousou ser uma coisa que não lhe era aconselhada por outros que lhe pareciam superiores.
Então se faria uma determinada experiência de economia num lugar.
Se eu passasse a outro lugar e houvesse uma ideia diferente quanto à economia e quanto à maneira de organizar as pessoas para essa economia, eu apoiaria também uma experiência diferente para que depois as experiências se pudessem comparar e se tirassem conclusões gerais para uma colectividade inteira, para muita gente junta.
Eu arranjaria a tal escola aberta de dia e de noite para que as pessoas que tivessem perguntas para fazer viessem aí e perguntassem e a pessoa que estava lá dentro pudesse responder, pelo menos no geral, para que elas compreendessem o problema e pudesse depois, ele próprio, contactar com outras pessoas para poder dar informações mais adequadas.
E quando eu percebesse que as perguntas estavam rareando, havendo ainda tanta coisa para saber, eu faria vir algfuém que incitasse as pessoas a fazerem mais perguntas.
Nunca ninguém se deve satisfazer com aquelas respostas que já tem; que aquelas respostas que tiverem sejam apenas uma pedra mais alta a que eles subiram para fazerem perguntas ainda mais difíceis do que aquelas que já tinham feito e também as respostas adequadas a isso.
E a terceira coisa.
A terceira coisa seria a de se verem cinco maneiras de poder pôr ali alguém que estivesse atento à saúde geral e à saúde de pessoa a pessoa e pudesse dar todos os conselhos que fossem necessários para que ela continuasse a seguir aquela rota.
Tendo eu, meus amigos, um cuidado especial.
Em não ser dono de coisa nenhuma daquelas coisas que deixasse em cada povoação, porque ser dono de coisas, se pode dar a possibilidade de fazer isto ou aquilo, prende ao mesmo tempo a pessoa, e muito, em cuidados com o dinheiro, onde é necessário, se está perdendo, se está ganhando etc, uma série de complicações que estragam a vida de muita gente.
Provavelmente há muita gente rica que todos julgam que estão vivendo opiparamente e passam a noite com fantasmas, com pesadelos, meio acordados, meio a dormir, inquietos, porque supõem que pode falir o banco em que puseram o dinheiro ou que pode dar mau resultado um negócio no qual investiram o seu capital.
Não! Nós o que devemos acima de tudo é estar tranquilos com a vida que levamos desde que ela seja naturalmente adequada às nossas necessidades.
Mas não sou rico, é evidente. E procuro sobretudo, não sendo rico, ser a favor, com muito cuidado com essa história, não é?

(continua)

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