O Senegal teve um grande presidente, Leopold Senghor, poeta e humanista. Senghor foi um grande amigo da língua portuguesa e defendeu que o português fosse ensinado em África. No Senegal o ensino do português ocorre no ensino secundário.
Senghor tinha outra particularidade, era um grande admirador de Amália Rodrigues. Num texto da jurista e amiga da pintora Maluda, Maria de Lourdes Simões de Carvalho, intitulado "Maluda A busca da harmonia perfeita - O Império e o Velho do Restelo", diz-nos a autora, que quando Senghor visitou oficialmente Lisboa(1975), ela propôs-lhe um elaborado programa, que incluía visitas a museus e eventos culturais. Mas o poeta africano assegurou, com candura: "Ma seule priorité est de connaître Amália". Então Maria de Lourdes telefonou a Maluda (1934-1999, pintora portuguesa, nascida em Goa, que viveu por muitos anos em Moçambique) para interceder junto da fadista. Uma hora depois, Senghor, incrédulo e emocionado, subia as escadas da Rua de São Bento onde Amália o esperava. Estava-lhe reservada outra surpresa. Maluda apareceu com Sigrid Jahns que, na Universidade de Frankfurt, defendeu uma tese sobre "Senghor, poeta e estadista". O ilustre senegalês comoveu-se: na sua frente tinha Amália, seu ídolo, uma pintora de renome e uma erudita alemã que sabia tudo da sua vida"
Termino este breve registro sobre o HOMEM que foi Senghor, com uma reflexão de Maria de Lourdes Carvalho. Comenta a autora que "a herança partilhada pelos países de língua portuguesa desmente a tese do 'Velho do Restelo', que se opunha às descobertas, invocando os perigos da aventura marítima e o muito que havia a fazer em terra. Ousar é o maior legado dos heróis do mar."
Ousemos!
Saudações,
Margarida
P.S.: Do contato com os Portugueses do séc. XV aos finais do séc. XIX em Casamansa surgiu o crioulo, uma língua que sintetiza o português e as culturas locais. O crioulo falado em Zinguincho uma cidade do Senegal, localiza-se no sul do país na região de Casamansa, é do mesmo tipo que o de Cacheu (Guiné-Bissau, país que fica a poucos kilómetros desta cidade) com alguns termos acreolizados do francês, sendo contudo inteligível mutuamente com os crioulos guineenses e caboverdianos.
A seguir passo o "Pai Nosso" no crioulo de Casamansa:
No Pape ki stana seu
Pa bu nomi santificadu
Pa bu renu thiga
Pa bu bontadi fasidu riba di tera suma na seu
Partinu aos pom di kada dia
Purdanu no pekadus, suma no ta purda kilas ki iara nu
ka bu disanu no kai na tentasom
Ma libranu di mal
Amen
Fonte: Dicionário temático da lusofonia, Fernando Cristóvão,Maria Helena Amorim,Maria Lucia Garcia Marques, Susana Brites Moita
Uma Revista que se pretende livre, tendo até a liberdade de o não ser. Livre na divisa, imprevisível na senha. Este "Estudo Geral", também virado à participação local, lembra a fundação do "Estudo Geral" em Portugal, lá longe no ido século XIII, por D. Dinis, "o plantador das naus a haver", como lhe chama Fernando Pessoa em "Mensagem". Coordenação de Edição: Luís Santos.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
(nossas línguas) Casamansa - o crioulo, uma língua que sintetiza o português e as culturas locais
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Diálogos Lusófonos,
Leopold Segnor,
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Senegal
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