Etimologia:
Upa – junto de; ni – em baixo; sad – sentado. “Estar sentado ligeiramente abaixo do mestre”.
“Os Upanisads” são textos que refletem sobre a cultura Védica, mas que simultaneamente assinalam uma rutura com o período anterior. Também têm por significado “o que podemos fazer no interior de nós próprios”. Nos “Upanisads” encontramos sistematicamente, embora não exclusivamente, textos que tentam explicar a origem das coisas. São eles o principal ponto de referência da doutrina de Adi Sankara (788-820), o autor que mais marcou o desenvolvimento da Filosofia Clássica Indiana.
Vivekãnanda (1863-1902), nome que significa aquele que consegue dissociar mentalmente a realidade do ilusório, foi um dos grandes pensadores sobre a escola de Sankara. O Hinduísmo como um sistema magnífico de crenças e tradições, deve-se, sobretudo, a este autor. Foi um estudioso das filosofias ocidentais na Universidade de Calcutá. E é um estudioso de textos sagrados da Índia: hinos védicos, Ramayana, Mahabarata…
Resumindo:
Princípio filosófico primordial – equivalência entre ãtman / brahman
Atman – um corpo vivo que respira = self = sentimento de si.
Brahman – realidade. O que existe em si e por si.
É esta a síntese suprema de Sankara: a mesma identidade entre Atman e Brahman. Ou seja, aquilo que existe no interior de cada um é a própria realidade.
Ser, Consciência, Felicidade Suprema (beatitude, bem estar), os principais objetivos.
Num texto das Upanisad - Taittirtya Upanisad – diz-se que nós não temos só um corpo, mas sim 5 corpos:
1- annamaya kosa (1ª camada) – o corpo que resulta da comida (o corpo físico)
2- prãnamaya kosa (2ª camada, cobre o primeiro corpo) – corpo de que resulta a respiração (o corpo que sente, o corpo subtil), do qual não se pode descrever a essência
3- manomaya kosa (3ª camada) – corpo que resulta da fusão dos outros dois corpos
4- vijñamaya kosa (4ª camada) – corpo que tem a capacidade de compreender
5- ãnandamaya kosa (5ª camada) – a consciência, a camada que nos dá a felicidade.
Por exemplo, António Damásio (O Sentimento de Si. Lisboa: Ed. Europa-América) demonstra-nos duma forma exemplar que a consciência é independente da linguagem verbal. O Si não é aquilo que nós vemos no espelho… A consciência, o sentimento de si, não está dependente da nossa massa corporal, ou seja, da linguagem, da verbalidade, das emoções, da massa corporal…
Como trazer o corpo de felicidade suprema (ãnandanaya kosa) para o primeiro estado em vez de ser o último? Para Sankara isso consegue-se através da meditação, do Yoga. Para si, o texto de referência é sempre os “Upanisad”. Em última instância, aquilo que Sankara pretende demonstrar é que a realidade última está em nós. A experiência do Si é a mesma experiência da realidade. Nós somos Tudo e Todos.
Carlos Rodrigues
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