quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

d´Arte - Conversas na Galeria LXXVI


Red, Red Autor António Tapadinhas
Óleo sobre Tela 100x100cm

Sem luz não há cor. O olho humano é capaz de distinguir uma gama de comprimentos de onda entre os 7600 angstroms (vermelho) e os 3800 angstroms (violeta), cabendo aqui um enorme número de tons sem limites definidos. Quando a luz incide sobre o objecto, todas as cores são absorvidas por este, com excepção das cores correspondentes às frequências da luz que o ilumina. Essa luz que é reflectida dá-nos a cor do objecto.
Neste quadro, utilizei, em toda a sua amplitude, a força cromática dos vermelhos. Desde o vermelho de cádmio, o mais poderoso, por ser sólido e opaco, até ao carmim de garança, muito transparente, aveludado e luminoso. Quis ter a certeza que a minha obra reflectia paixão e sentimento, amor e desejo, dinamismo e vivacidade.
Tudo aquilo que nos mantém vivos.

2 comentários:

Luís F. de A. Gomes disse...

Desta vez, o texto que escreves afirma-se incontornável, na medida em que por ele especificas objectivos que pretendeste atingir com a execução da peça a que se referem.
Pois bem, quanto ao dinamismo e a vivacidade, quase se diria que as palavras são redundantes; o primeiro atributo é evidente, parece-me, se atentarmos no modo como as tonalidades se desenlaçam nas que se lhe seguem, dando a impressão que há uma evolução de intensidade – se assim se pode falar – na forma como o vermelho se nos apresenta e só por si isso nos remeteria para uma vivacidade que, assim, necessariamente está lá.
O mesmo já não se poderá dizer dos sentimentos que pretendes associar-lhe, ainda que seja possível induzir a paixão da força bruta que emana de um quadrado todo ele marcado por uma mesma cor forte mesmo que em diversas tonalidades e se chegarmos aí, então teremos que admitir que a composição foi procurada com sentimento, emoção, transmitindo-nos com isso essa dualidade que designas por paixão e sentimento.
O amor e o desejo são resultados naturais da paixão e do sentimento – mesmo sabendo que nem toda a paixão desagúe obrigatoriamente em amor, muito embora este não aconteça sem aquela. Apesar disso, não sei se não nos teremos que colocar num certo sentido metafórico pata aí os compreendermos, ao amor e ao desejo.
Em conformidade, teremos que dizer que os teus propósitos foram plenamente atingidos. Na sua aparente –e o aparente deve ser sublinhado com veemência- simplicidade, na sua complexidade apreendida, esta tua pintura revela-nos tudo isso a que te propuseste.

Mas deixa que te diga que, sem as palavras que lhe juntaste, esta tua tela possui um imaginário bem mais voador que tudo aquilo que possa estar contido naquilo que escreveste.

Aquele abraço, companheiro
Luís

A.Tapadinhas disse...

Luís: Tens toda a razão: a descrição da tela e da sua concepção, com números, angstroms, frequências de luz, retira-lhe toda a poesia.

Mas se lhe juntasse o sentimento, a emoção, talvez retirasse o sabor da descoberta a quem vê o quadro.

Assim, ficam com a liberdade de descobrir papoilas saltitanntes em toda a superfície da tela...

Abraço,
António