ENTÃO MAS AFINAL … (III)
Perde e reganha magia. A música oscila, varia.
Perdem-se instrumentos, calam-se outros que entravam na composição do som e o temperavam mas surpreendentemente outros surgem de onde menos e quando nada se esperava e reverbera o som noutras tonalidades que dilatam a alma.
E escutamos de novo e sempre, e tentamos perceber
- porque sentimos e só depois sabemos -
que a mecânica da vida se altera, muda, e que, todos nós fomos, somos, seremos,
Chega um poeta e solta o seu verso cantado
“Que caminho tão longo, que viagem tão comprida, que deserto tão grande, sem fronteira nem medida. Águas do pensamento vinde regar o sustento da minha vida …” (1)
É claro, gostaríamos ter a arte de sempre cruzar os caminhos interpretando uma declaração de amor. Amor por tudo, por todas as coisas, por todos os seres vivos e inanimados. Amor universal, completo e pleno.
Mas apesar de sentirmos – na convicção e instinto – ser essa a única atitude orientada no sentido do que todos buscamos, nem sempre é possível, pois não? Não porque o não queiramos, antes porque o não podemos, porque o não sabemos.
E não se pode soçobrar. Não se pode dizer agora não, agora “passo”, agora …espera?!
Não se pode?
Não! No universo das ideias/emoções a vida é sempre a andar. Sem intervalos nem esperas, sem ausências.
As ideias/emoções cavalgam-nos, ultrapassam-nos e arrastam-nos para o abismo ou a redenção.
(1) - Excerto de um poema de José Mário Branco do álbum “Ser Solidário”
Fotos: Edgar Cantante, Texto: João C.
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