domingo, 19 de fevereiro de 2012



                           

                                    ENTÃO MAS AFINAL … (IV)
                                    (...)





Eu, outro dia, olhei os olhos de um cão e sentei-me numa pedra.
                                                                                                 
Como todos sabeis, olhar os olhos de um cão tomando uma pedra como assento, são algumas das inúmeras formas possíveis de se caminhar.

E fui feliz ali, assim.                             
Como o cão penso ter-me sentido cão.
Terei sido, portanto, cão naquele momento.
Como a pedra senti-me pedra tendo sido, também, pedra então.
Árvore já me senti várias vezes, é recorrente em mim.






E, é claro que me senti bem com isso senão nem sequer estava a contar.
Posso, devo, pois concluir que sentir-se cão, pedra ou árvore é uma das muitas formas de se ser gente.
Então mas afinal …
Sim. Havia um tempo sem desconfiança e sem juízo.
Perguntava-se - em plano aberto, sem disfarces ou canais codificados - para aprender e descobrir e crescer com isso. Não para julgar ou classificar. Talvez por isso, ria-se mais e o riso, era cristalino e sem rugas. 
Sim, havia um tempo de clara e luminosa ingenuidade, de total ausência de perversidade e onde a maldade, de facto, não compensava.
Era no tempo em que … bem,
(…) O que recordo é apenas a luz. E o mar. Ou, talvez, o ruído do mar. Recordo-me que era de noite e havia uma passagem. Disseram-me: "Vem!". Havia um corpo e eu entrei. (…)

Então mas afinal, …
A busca continua incansavelmente numa história que se crê interminável.


Fotos: Edgar Cantante; Texto: João C.

2 comentários:

A.Tapadinhas disse...

Belo texto e fotos, como é habitual.

Parabéns,
António

Devem ser corrigidas as cores dos últimos textos que não têm leitura.

luis carlos disse...

António, no meu pc leio bem todos os textos. Mais alguém se queixa?

Abraço,
Luís Carlos