ENTÃO MAS AFINAL … (IV)
(...)Eu, outro dia, olhei os olhos de um cão e sentei-me numa pedra.
Como todos sabeis, olhar os olhos de um cão tomando uma pedra como assento, são algumas das inúmeras formas possíveis de se caminhar.
E fui feliz ali, assim.
Como o cão penso ter-me sentido cão.
Terei sido, portanto, cão naquele momento.
Como a pedra senti-me pedra tendo sido, também, pedra então.
E, é claro que me senti bem com isso senão nem sequer estava a contar.
Posso, devo, pois concluir que sentir-se cão, pedra ou árvore é uma das muitas formas de se ser gente.Então mas afinal …
Sim. Havia um tempo sem desconfiança e sem juízo.Perguntava-se - em plano aberto, sem disfarces ou canais codificados - para aprender e descobrir e crescer com isso. Não para julgar ou classificar. Talvez por isso, ria-se mais e o riso, era cristalino e sem rugas.
Sim, havia um tempo de clara e luminosa ingenuidade, de total ausência de perversidade e onde a maldade, de facto, não compensava.
Era no tempo em que … bem,
(…) O que recordo é apenas a luz. E o mar. Ou, talvez, o ruído do mar. Recordo-me que era de noite e havia uma passagem. Disseram-me: "Vem!". Havia um corpo e eu entrei. (…)
A busca continua incansavelmente numa história que se crê interminável.
Fotos: Edgar Cantante; Texto: João C.
2 comentários:
Belo texto e fotos, como é habitual.
Parabéns,
António
Devem ser corrigidas as cores dos últimos textos que não têm leitura.
António, no meu pc leio bem todos os textos. Mais alguém se queixa?
Abraço,
Luís Carlos
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