quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

d´Arte - Conversas na Galeria XXXVII

Tenho de dar uma explicação sobre esta entrada e o porquê de esta ser a XXXVII e não a LXXVII.
Quando estava a preparar o quadro e o texto para esta semana, resolvi mostrar de imediato as obras monocromáticas, para não ficarem dispersas. Procurei então a XXXVII, que tinha nos meus ficheiros como Blue, Blue, para quem quisesse ler o texto e ver ou rever a obra. Qual não foi o meu espanto quando vi que d´Arte XXXVII não existia, pois passava do número XXXVI para o XXXVIII. Não sei o que se passou mas, para tudo ficar certo, esta semana vai ser o Azul a dominar o espectro luminoso.


Azul, Azul Autor António Tapadinhas
Óleo sobre Tela 100x100cm

Um meu amigo tem feito algumas referências aos meus azuis, considerando alguns que o tocam especialmente, de “Azul Tapadinhas”.
Há pintores que são conhecidos por saberem realçar determinadas cores nas suas pinturas. Lembremos Van Gogh e os seus vibrantes amarelos, Cézanne e os seus espantosos verdes e, porque vem a propósito, a história de um azul especial.
Yves Klein, nascido em Nice, França, realizou mais de cinco dezenas de quadros monocromáticos em azul. Gostou tanto de uma das tonalidades, que a registou em 19 de Maio de 1960, no Instituto Nacional da Propriedade Industrial, com a designação IKB (International Klein Blue).
Espero que esta obra se imponha pelo seu azul. Não tem outras cores que o tornem mais suave ou mais profundo, mais alegre ou mais triste…
Acho que as cores são como as pessoas porque dependem muito do que as rodeia. Todos nós nascemos iguais, mas alguns são mais iguais do que outros... As diferenças começam antes do nascimento, e prolongam-se durante toda a nossa vida. Nós e as cores somos sensíveis ao ambiente que nos cerca.
Esta atmosfera é a essência mágica com que se cria um monstro, o génio ou uma obra-prima.

2 comentários:

Luís F. de A. Gomes disse...

É esse o pensamento de Ortega y Gasset, o homem é ele e as suas circunstâncias e, ao que parece pelas tuas palavras, as cores também.
Talvez por isso, a luz que estas variações de azul contem, leva-me a pensar na Terra que por essa cor é marcada quando vista do espaço, quer, por um lado, pelo efeito cromático do oceano de ar que a envolve, mas igualmente por esse outro oceano líquido que em ela se afunda e da sua superfície constitui a maior parcela.
E é o que este azul que na sua intensidade se azula me incute, a sensação de mar, como o Mediterrâneo que da claridade das baixas profundidades se vai escurecendo, à medida que navegamos para longe.
Escuta a Terra que ela fala contigo e é isso que podemos encontrar nessa viagem e nesta tua pintura podemos invocar isso mesmo, a voz da desse berlinde cósmico maravilhoso, a nossa casinha comum que, se a escutarmos com atenção, nos diz como ainda nos falta (re)descobrir uma ética global de Vida, pela qual poderemos perceber o respeito que toda ela, com todos os seus elementos, merece de nós. Até o mais insignificante calhau faz parte dessa irmandade a que todos nós pertencemos, quer o entendamos ou não.
O planeta azul, o planeta oceano, é o lar de toda essa fraternidade que, na sua idade ainda infantil, teima em permanecer desavinda.
Ora este(s) teu(s) azu(is)l, pode ser um alerta para isso.

Aquele abraço, companheiro
Luís

A.Tapadinhas disse...

Na minha casa tenho uma luta que travo com galhardia, mas que vou perdendo ao longo dos anos. É uma batalha interminável. Passo a explicar.

A Arlete e a Dulce, a Elsa compreende a minha atitude, sempre que os seu radares detectam qualquer espécie de animal, desatam aos gritos de: Mata! Mata! Este instinto assassino atinge o paroxismo quando é uma aranha ou uma osga.

O pior de tudo é que eu agora até tenho dificuldade em matar uma vespa, apesar da minha alergia às suas picadas.

No terreno os esforços que eu faço para agarrar as cobras e os lagartos que os meus cães vão descobrindo e atacando...

Confesso que não tenho tido problemas nem com "o mais insignificante calhau"...

Já não posso dizer o mesmo com os calhaus que nos calharam em sorte (azar!) para comandar o país e, já agora, a Europa e - porque não? - o Mundo!

Abraço,
António