Espaço Público
As ruas, os edifícios, os jardins, são da responsabilidade de quem? Porque não estão melhor cuidados? Que podemos fazer para que esses espaços sejam tratados efetivamente como a nossa casa comum?
Temos um país muito bonito, de grande diversidade e beleza paisagística. Cores de tonalidades mil como no arco-íris. Mas no que toca ao planeamento da generalidade das nossas vilas e cidades, é uma desinspiração e das grandes. Falta de espaços naturais, zonas verdes, os edifícios na generalidade são feios, os equipamentos de desporto e lazer são escassos, e poderíamos continuar por aí fora que a lista sobre o fraco desempenho das políticas públicas muito se alongaria.
Será da pouca formação dos nossos líderes políticos, em particular, ao nível do poder autárquico? Será da incapacidade dos nossos engenheiros e arquitectos? Será devido ao clientelismo partidário? Será porque na construção civil se colocou o lucro individual muito à frente do bem comum? Enfim, será fruto da nossa fraca consciência colectiva? Porque será?
Dá-me ideia que planear uma vila, uma cidade, um país, de certa forma é como fazer uma pintura. O resultado final depende da capacidade e do bom gosto do artista ou, se a obra for colectiva, dos artistas. E o que pensamos para o nosso país, de maneira idêntica o fazemos para todo o espaço lusófono e para o mundo.
Naturalmente que a emancipação social passa por um cada vez maior incremento de uma democracia participativa em detrimento desta democracia representativa. Por uma opinião pública que se quer o mais esclarecida possível, capaz de ajudar a esclarecer as opiniões dos gestores políticos, em direcção a uma cada vez maior e efectiva qualidade de vida.
Mas o que é ser esclarecido? E o que é uma efectiva qualidade de vida? Quais são os princípios que a devem nortear? Aqui é que está o busílis da questão, não é verdade?
E depois, “quantas vezes falar pouco é fazer muito”, ouvi eu dizer numa altura em que o Dalai Lama se ia passeando pelas ruas de Lisboa.
Nunca a participação social foi tão ampla. Desde a Revolução Francesa, com a implantação do liberalismo, que a democratização das sociedades se vem consolidando cada vez mais.
Hoje são conhecidos todo um conjunto de movimentos sociais, transversais a toda a sociedade, de raça, sexo, género, ambientais, pacifistas, sindicais, religiosos, e sei lá que mais. Portanto, a participação social não está de todo mal de saúde, mas mais se recomenda.
Em suma:
- Será ainda demasiadamente representativa a nossa democracia? Decerto.
- E deverá ser menos? Cremos que sim, mas os atuais níveis de participação social deixam muito a desejar. Temos de aprender a exigir maior responsabilidade ética aos nossos representantes políticos.
- Será necessário reformar o sistema político? Claro, é evidente que o bloco liberal, por si só, é muito limitado.
- E deveremos apostar mais em democracias plurais e radicais, em socialismos de mercado, ou em anarquismos pacifistas?… Que dê para todos, e bem, é o que se deseja.
- Mas como? Teremos artistas que dê para tanto? Sem dúvida. Mas é preciso calma, entreajuda e esperança na Vida. Precisamos aprender a conversar, em vez de discutir.
Apressemo-nos devagar.
Luís Santos
2 comentários:
"Dá-me ideia que planear uma vila, uma cidade, um país, de certa forma é como fazer uma pintura. O resultado final depende da capacidade e do bom gosto do artista ou, se a obra for colectiva, dos artistas."
Tens razão! Quantos artistas são chamados para dar uma pitada de beleza, ou loucura, a uma cidade, vila ou aldeia? Só em pequenos apontamentos que perdem força na mediocridade que os cerca...
A Arte e o poder cada vez mais estão de costas voltadas...
Abraço,
António
Na educação, sobretudo, básica e secundária é a mesma coisa. A arte tem pouca participação na educação das crianças, o que é muito grave... Hoje, qualquer adolescente para ter notas razoáveis, competitivas, como se diz, tem que trabalhar muitas horas mais do que o máximo de 40 horas semanais que consta da lei Geral do trabalho. É de uma cegueira absurda. Criminoso. Com os tecnocratas, e outros democratas, grupo que nós também integramos, tão separados de criadores e sábios, não vamos lá. Não conseguiremos a mais adequada interpretação do que é a vida. A vida precisa de liberdade e de criatividade, coisa que o pensamento dominante, neo-liberal, tem muita dificuldade em perceber. É caso para se dizer, "a arte ao poder".
Grande Abraço Grande.
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