sábado, 11 de fevereiro de 2012

O Largo da Graça



Espaço Público

As ruas, os edifícios, os jardins, são da responsabilidade de quem? Porque não estão melhor cuidados? Que podemos fazer para que esses espaços sejam tratados efetivamente como a nossa casa comum?

Temos um país muito bonito, de grande diversidade e beleza paisagística. Cores de tonalidades mil como no arco-íris. Mas no que toca ao planeamento da generalidade das nossas vilas e cidades, é uma desinspiração e das grandes. Falta de espaços naturais, zonas verdes, os edifícios na generalidade são feios, os equipamentos de desporto e lazer são escassos, e poderíamos continuar por aí fora que a lista sobre o fraco desempenho das políticas públicas muito se alongaria.

Será da pouca formação dos nossos líderes políticos, em particular, ao nível do poder autárquico? Será da incapacidade dos nossos engenheiros e arquitectos? Será devido ao clientelismo partidário? Será porque na construção civil se colocou o lucro individual muito à frente do bem comum? Enfim, será fruto da nossa fraca consciência colectiva? Porque será?

Dá-me ideia que planear uma vila, uma cidade, um país, de certa forma é como fazer uma pintura. O resultado final depende da capacidade e do bom gosto do artista ou, se a obra for colectiva, dos artistas. E o que pensamos para o nosso país, de maneira idêntica o fazemos para todo o espaço lusófono e para o mundo.

Naturalmente que a emancipação social passa por um cada vez maior incremento de uma democracia participativa em detrimento desta democracia representativa. Por uma opinião pública que se quer o mais esclarecida possível, capaz de ajudar a esclarecer as opiniões dos gestores políticos, em direcção a uma cada vez maior e efectiva qualidade de vida.

Mas o que é ser esclarecido? E o que é uma efectiva qualidade de vida? Quais são os princípios que a devem nortear? Aqui é que está o busílis da questão, não é verdade?
E depois, “quantas vezes falar pouco é fazer muito”, ouvi eu dizer numa altura em que o Dalai Lama se ia passeando pelas ruas de Lisboa.

Nunca a participação social foi tão ampla. Desde a Revolução Francesa, com a implantação do liberalismo, que a democratização das sociedades se vem consolidando cada vez mais.

Hoje são conhecidos todo um conjunto de movimentos sociais, transversais a toda a sociedade, de raça, sexo, género, ambientais, pacifistas, sindicais, religiosos, e sei lá que mais. Portanto, a participação social não está de todo mal de saúde, mas mais se recomenda.

Em suma:

- Será ainda demasiadamente representativa a nossa democracia? Decerto.

- E deverá ser menos? Cremos que sim, mas os atuais níveis de participação social deixam muito a desejar. Temos de aprender a exigir maior responsabilidade ética aos nossos representantes políticos.

- Será necessário reformar o sistema político? Claro, é evidente que o bloco liberal, por si só, é muito limitado.

- E deveremos apostar mais em democracias plurais e radicais, em socialismos de mercado, ou em anarquismos pacifistas?… Que dê para todos, e bem, é o que se deseja.

- Mas como? Teremos artistas que dê para tanto? Sem dúvida. Mas é preciso calma, entreajuda e esperança na Vida. Precisamos aprender a conversar, em vez de discutir.

Apressemo-nos devagar.

Luís Santos

2 comentários:

A.Tapadinhas disse...

"Dá-me ideia que planear uma vila, uma cidade, um país, de certa forma é como fazer uma pintura. O resultado final depende da capacidade e do bom gosto do artista ou, se a obra for colectiva, dos artistas."

Tens razão! Quantos artistas são chamados para dar uma pitada de beleza, ou loucura, a uma cidade, vila ou aldeia? Só em pequenos apontamentos que perdem força na mediocridade que os cerca...

A Arte e o poder cada vez mais estão de costas voltadas...

Abraço,
António

luis santos disse...

Na educação, sobretudo, básica e secundária é a mesma coisa. A arte tem pouca participação na educação das crianças, o que é muito grave... Hoje, qualquer adolescente para ter notas razoáveis, competitivas, como se diz, tem que trabalhar muitas horas mais do que o máximo de 40 horas semanais que consta da lei Geral do trabalho. É de uma cegueira absurda. Criminoso. Com os tecnocratas, e outros democratas, grupo que nós também integramos, tão separados de criadores e sábios, não vamos lá. Não conseguiremos a mais adequada interpretação do que é a vida. A vida precisa de liberdade e de criatividade, coisa que o pensamento dominante, neo-liberal, tem muita dificuldade em perceber. É caso para se dizer, "a arte ao poder".

Grande Abraço Grande.