domingo, 14 de junho de 2015



MIRADOURO 21/2015
(esta rubrica não respeita as normas do acordo ortográfico)


FALA


E então, falei.

Falei do que sentia
e do que imaginava.
Falei do que queria
e do que precisava.
E tremia enquanto falava,
enquanto dizia.
Escutavas-me vida,
e o rio bramia,
o caudal engrossava.
Percebi então
que procuravas a foz
ou, apenas,
um caminho no mar
para desaguar.
Querias o mesmo que eu,
esperavas por mim.

Alívio e luz,
tanta luz neste deserto,
felicidade correndo livre
e destemida,
em campo aberto
sem dor, sem ferida.

Vida,
tu serás para mim,
o que eu for para ti.
Ganharam outro significado
os adeus.
Já sem dor,
sem mágoa, nem lamento.
Os adeus fazem parte
do caminho,
são apenas mais uma estrela a luzir
 e a iluminar no firmamento.


Manuel João


(foto: João Ramos)

4 comentários:

A.Tapadinhas disse...

Com o passar da idade, cada um dos adeus, passa a ter maior significado...

Tememos que possa ser o último...

Abraço,
António

estudo geral disse...

Amigo António, os adeus têm sempre significado senão não os sentiríamos ao ponto de os nomearmos. E se é verdade o que dizes, também é verdade que com a idade aprendemos a lidar com eles de forma mais "pacífica". Ao fim e ao cabo a vida acaba também por ser um chegar, ficar e partir.

Abraço grande.

Manuel João

Unknown disse...

Boa tarde, Manuel João.

Belo e profundo POEMA!

A VIDA é feita de 'partidas' e 'regressos', 'idas' e 'vindas'...

Haverá algum 'paralelismo' entre ADEUS e A DEUS?

Esta foi uma 'interrogação' que, de entre outros 'pensamentos', este teu CANTO À VIDA me suscitou.

Agradecido pela tua 'partilha'!

Aquele abraço.

Francisco

MJC disse...

Amigo Francisco, bom dia.

Agradecido pelo teu comentário.

às vezes os Adeus (ou A Deus) são apenas referências a quem partiu para territórios que nos são, por enquanto, inacessíveis e como tal não sabemos como será.
E aí, deve-se procurar racionalizar, integrar e seguir em frente.

Um abraço.

Manuel João Croca