MIRADOURO 21/2015
(esta rubrica não respeita as normas do acordo ortográfico)
FALA
E
então, falei.
Falei
do que sentia
e
do que imaginava.
Falei
do que queria
e
do que precisava.
E
tremia enquanto falava,
enquanto
dizia.
Escutavas-me
vida,
e
o rio bramia,
o
caudal engrossava.
Percebi
então
que
procuravas a foz
ou,
apenas,
um
caminho no mar
para
desaguar.
Querias
o mesmo que eu,
esperavas
por mim.
Alívio
e luz,
tanta
luz neste deserto,
felicidade
correndo livre
e
destemida,
em
campo aberto
sem
dor, sem ferida.
Vida,
tu
serás para mim,
o
que eu for para ti.
Ganharam
outro significado
os
adeus.
Já
sem dor,
sem
mágoa, nem lamento.
Os
adeus fazem parte
do
caminho,
são
apenas mais uma estrela a luzir
e a iluminar no firmamento.
Manuel
João
(foto: João Ramos)
4 comentários:
Com o passar da idade, cada um dos adeus, passa a ter maior significado...
Tememos que possa ser o último...
Abraço,
António
Amigo António, os adeus têm sempre significado senão não os sentiríamos ao ponto de os nomearmos. E se é verdade o que dizes, também é verdade que com a idade aprendemos a lidar com eles de forma mais "pacífica". Ao fim e ao cabo a vida acaba também por ser um chegar, ficar e partir.
Abraço grande.
Manuel João
Boa tarde, Manuel João.
Belo e profundo POEMA!
A VIDA é feita de 'partidas' e 'regressos', 'idas' e 'vindas'...
Haverá algum 'paralelismo' entre ADEUS e A DEUS?
Esta foi uma 'interrogação' que, de entre outros 'pensamentos', este teu CANTO À VIDA me suscitou.
Agradecido pela tua 'partilha'!
Aquele abraço.
Francisco
Amigo Francisco, bom dia.
Agradecido pelo teu comentário.
às vezes os Adeus (ou A Deus) são apenas referências a quem partiu para territórios que nos são, por enquanto, inacessíveis e como tal não sabemos como será.
E aí, deve-se procurar racionalizar, integrar e seguir em frente.
Um abraço.
Manuel João Croca
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