MIRADOURO 22 / 2015
(esta rubrica não respeita as regras do acordo ortográfico)
Foto: João Ramos
ACERCA
DOS CAMINHOS E DAS CAMINHADAS.
As
memórias avivam-se ou esvaem-se em função de acontecimentos e emoções que ora as
convocam, ora as afastam.
Por
vezes, ao evocarmos no quadro mental e afectivo os anais de onde vimos e do que
somos, esforçamo-nos procurando definir-lhes a nitidez.
As
nossas memórias tantas vezes fatigadas, contorcem-se como em volúpia de fumo ou
corpo que se esforça por “acertar o passo” com o ritmo do que ouve e embala
mas, em qualquer caso, procura afirmar-se em nitidez a querer assomar-se à
montra da consciência.
As
memórias por vezes esbatem-se de forma tão acentuada que tememos tê-las perdido
de vez mas, depois, algo de mágico acontece - um acorde de guitarra, o piar de
um pássaro, um odor, uma imagem mesmo que apenas reflexo, … - que as reacende e
nos permite recuperar o controlo da “fita” que nos restitui o domínio do continuum
da nossa história e daquilo que somos.
Nesse
processo percepcionamos, como se uma luz entretanto se acendesse, que não há
mundos fechados e que cada um e todos somos apenas um dos elementos que o
compõem ou, se preferirmos, um dos termos da equação que sem os restantes
ficará inapelavelmente incompleta deixando-nos fragmentados ou privados do
registo de etapas que permitem perceber o onde estamos e de como aqui chegámos.
Dessa privação resultam frequentemente estados mentais de perplexidade e
confusão que dificultam o propósito de prosseguir caminho.
Portanto,
se a caminhada ainda não acabou, é importante preservar o diário de bordo do
registo dos percursos.
Manuel João Croca
2 comentários:
Viva, Manuel João!
GOSTEI!
Porquê? - perguntar-me-ás.
Porque sim - responderei.
Mas será 'isto' resposta?! - dirão e rir-se-ão alguns, criticando a "evidente" (?) falta de originalidade e a "ausência" (?) de 'significado'.
Terei em conta as 'críticas', porque é meu 'dever' ESCUTAR - INTERIORIZAR - DIGERIR essas 'opiniões'.
Regressando à 'minha resposta'. Porque não dá-la dessa forma, se me identifico com o 'conteúdo' do POEMA?!
Agradecido, Manuel João.
Aquele abraço.
Francisco
Olá Francisco boa tarde.
Agradecido pelo teu comentário.
Também me acontece frequentemente gostar de algumas coisas sem conseguir racionalizar o porquê. Ao princípio preocupava-me com isso, agora já não. Se gosto, gosto e pronto e o contrário também é válido.
Um abraço.
Manuel João Croca
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