domingo, 7 de junho de 2015


Sandália do Bebé
 
Assenta sobre mim, do petiz, o pé.

As costas que tenho, vibram ao doce riso que vem do alto,
elas, alegres e fofas, nas cócegas do pé riem,
e os meus braços adormecem seguros abraçados á tenra pele
cruzados na fivelinha dos dedos.

O pé a dormir na perninha torta que levanta,
ouve antigo o cântico que vem do cume,
de lá, do alto, do cume do peito,
que na estrutura da vida pelo sonho vem descendo.

Cai a perninha torta e sinto o chão,
o solo sente a borracha de meu corpo,
ainda vejo o cabedal de meus braços envoltos do pequeno pé.

( Várias vezes assim, muitas, depois algumas, balançam, depois nenhuma… )
Cambaleante a perna, cambaleante o pé
seguro metade de um pequeno corpo que acabou nascer,
na fralda lá em cima a nascente deu á luz um rio desaguando em mim,

E agora flutuando ouço o choro longínquo que vem do alto, bem lá do alto,
do alto onde tudo o amor manda.
 
Diogo Correia             

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