quarta-feira, 8 de julho de 2015

Duetos

Para Ti

Clamei por Ti
na madrugada dos meus tempos
Corri veloz à tua demanda,
percorrendo tempos infinitos
do meu labor
À profundidade do meu ser,
a Tua voz serena
incutia um som não audível,
que permitia o meu deslizar
numa tranquilidade apetecível
Não foram tempos de ontem,
nem sonhos do amanhã
mas a eternidade
dum Agora,
que me seduz,
quando já não ouço a perturbação
da minha carne,
insatisfeita,
num caminhar
que parece não ter fim
Posso enfim gritar ao vento,
perscrutar vales e montanhas,
deixar que as minhas lágrimas
tombem em terra de ninguém,
mas sei que um dia acordarei
no teu doce regaço,
Pai-Mãe.

António Alfacinha

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