O Despertar dos
Nacionalismos como Resposta à Irresponsabilidade política e económica da União
Europeia
António Justo
No Congresso do partido AfD (Alternativa para a Alemanha)
realizado em Hessen a 4-5 de Julho, impuseram-se as forças nacional-conservadoras,
elegendo como sua presidente Frauke Petry. Deste modo a AfD perdeu o seu
fundador Prof. Dr. Bernd Lucke que há anos atrás tinha profetizado a actual
crise da Grécia.
O economista Bernd Lucke, depois de ter sido destituído de
chefe demitiu-se do partido. Lucke vê na eleição da nova direcção ( a sua
rival Frauke Petry) uma nova orientação que permite o espalhar-se de
ideias latentes islamofóbicas e contra estrangeiros. O presidente deposto alega
que a nova presidência assumirá uma orientação antiocidental (USA) e “uma
orientação resoluta a favor de uma política externa e de segurança pró-russa”.
Bernd Lucke na sua atitude professoral não era a pessoa mais
indicada para estar no topo do partido que reúne em si imensa gente
descontente. Bernd Lucke é presidente da Associação “Weckruf 2015” (“Relógio
Despertador 2015 ") e pode fundar um novo partido. Nos últimos dias 600
membros já abandonaram o partido AfD que contava com 21.000 filiados.
Apesar da clientela do partido, no dizer dos partidos estabelecidos,
constar de uma mistura de “críticos do sistema, nacionalistas, populistas,
amigos do movimento Pegida e racistas” não será fácil a Bernd Lucke conseguir a
fundação de um novo partido que se afirme.
Com Frauke Petry, o partido tornar-se-á mais radical.
Atendendo ao geral descontentamento político em relação aos partidos principais
e aos problemas de integração de estrangeiros, à crise do Euro e ao
descontentamento de grande parte da população em relação à política americana
nas fronteiras com a Rússia, a AfD continuará a ter muitas chances.
Embora a Alemanha não se possa comparar com a França, o
potencial de eleitores do estilo da “Front nacional” francesa, aumentará também
na Alemanha. Frauke Petry afirma que não seguirá as pegadas da Front nacional.
Os ventos que correm na Europa e no mundo, em reacção ao
globalismo e ao modo como a UE se comporta com os seus países membros, dão mais
razão a uma retalhação da sociedade como movimento reactivo às centralizações
do poder político-económico-ideológico.
Numa democracia, os governos e os parlamentos dependem dos
eleitores e estes estão muito descontentes devido a uma política europeia de
tecnocratas cada vez mais distante dos cidadãos e mais próxima das elites. O
melhor exemplo revelador da situação europeia torna-se palpável no teatro da
tragédia grega e no teatro das marionetes de Bruxelas. De um lado o
nacionalismo grego e do outro lado os nacionalismos congregados em torno da UE
e representados até ao
esgotamento.
António
da Cunha Duarte Justo
Jornalista
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