MIRADOURO 25 / 2015
(esta rubrica não respeita as normas do acordo ortográfico)
Alternância
ou Alternativa
Parece
cada vez mais evidente que o que está em causa na Europa é muito mais do que a
eventual saída da Grécia da União Europeia ou do Euro, da mesma forma que por
cá as perdas são muito maiores do que os direitos, regalias e exclusão social
traduzidos na emigração em massa e no empobrecimento da esmagadora maioria dos
portugueses.
Não,
o que está verdadeiramente em causa em toda a Europa é a sobrevivência da própria
Democracia e o seu exercício. Depois desta ofensiva continuada partiram-se os
últimos cacos que ainda restavam da confiança nas Instituições.
Ninguém
mais acredita nas Instituições – quer se chamem governo, presidente da
república, assembleia da república, união europeia, … - ou nos “políticos” (nunca
os mandantes políticos em exercício mentiram tanto e tão despudorada e
impunemente) e daí deriva o alheamento cada vez maior dos cidadãos pelo chamado
“processo democrático” e o seu funcionamento. As soberanias nacionais existem
cada vez mais e tão só no papel que não na capacidade de decidir dos destinos dos
povos e países. A angústia das pessoas situa-se, cada vez mais, não em torno da
escolha de em quem acreditam antes em que será menos mau.
A
situação é muito grave e perigosa e pensar-se que o retrocesso chegou ao fim é
uma patranha em que não se deve acreditar. Apesar de nos últimos anos, ainda
que a níveis e ritmos diferentes de país para país, o retrocesso civilizacional
equivaler a várias décadas, é possível retroceder ainda mais e consequentemente
ficarmos pior, da mesma forma que é possível travar a ofensiva e recuperar. Tudo
dependerá da forma como exercermos a cidadania, da disponibilidade para missões
e compromissos, das escolhas que fizermos e, em suma, da história que formos
capazes de escrever.
Precisam-se
novos intérpretes.
Intérpretes
que sejam intelectualmente honestos e com sentido de estado, com espírito de
missão que não satisfação de ganância e interesses, com capacidade de
diagnosticar correctamente a origem e extensão do mal, definir terapias
apropriadas e capacidade concretizadora para as realizar.
Precisamos
de intérpretes credíveis.
Precisamos
de Estadistas.
Sabemos
que tantos anos de corrupção instituída e generalizada fez rarear esses perfis
mas, ainda existem por aí alguns. Em nome da possibilidade de um melhor futuro
seria indispensável que estivessem dispostos a avançar e que tivéssemos o discernimento,
independência e coragem de os escolher e apoiar assumindo cada um o papel que
lhe cabe na construção dessa transformação que se chama alternativa.
Manuel João Croca
Sem comentários:
Enviar um comentário