domingo, 19 de julho de 2015



MIRADOURO 25 / 2015

(esta rubrica não respeita as normas do acordo ortográfico)


Alternância ou Alternativa


Parece cada vez mais evidente que o que está em causa na Europa é muito mais do que a eventual saída da Grécia da União Europeia ou do Euro, da mesma forma que por cá as perdas são muito maiores do que os direitos, regalias e exclusão social traduzidos na emigração em massa e no empobrecimento da esmagadora maioria dos portugueses.
Não, o que está verdadeiramente em causa em toda a Europa é a sobrevivência da própria Democracia e o seu exercício. Depois desta ofensiva continuada partiram-se os últimos cacos que ainda restavam da confiança nas Instituições.
Ninguém mais acredita nas Instituições – quer se chamem governo, presidente da república, assembleia da república, união europeia, … - ou nos “políticos” (nunca os mandantes políticos em exercício mentiram tanto e tão despudorada e impunemente) e daí deriva o alheamento cada vez maior dos cidadãos pelo chamado “processo democrático” e o seu funcionamento. As soberanias nacionais existem cada vez mais e tão só no papel que não na capacidade de decidir dos destinos dos povos e países. A angústia das pessoas situa-se, cada vez mais, não em torno da escolha de em quem acreditam antes em que será menos mau.
A situação é muito grave e perigosa e pensar-se que o retrocesso chegou ao fim é uma patranha em que não se deve acreditar. Apesar de nos últimos anos, ainda que a níveis e ritmos diferentes de país para país, o retrocesso civilizacional equivaler a várias décadas, é possível retroceder ainda mais e consequentemente ficarmos pior, da mesma forma que é possível travar a ofensiva e recuperar. Tudo dependerá da forma como exercermos a cidadania, da disponibilidade para missões e compromissos, das escolhas que fizermos e, em suma, da história que formos capazes de escrever.
Precisam-se novos intérpretes.
Intérpretes que sejam intelectualmente honestos e com sentido de estado, com espírito de missão que não satisfação de ganância e interesses, com capacidade de diagnosticar correctamente a origem e extensão do mal, definir terapias apropriadas e capacidade concretizadora para as realizar.
Precisamos de intérpretes credíveis.  
Precisamos de Estadistas.
Sabemos que tantos anos de corrupção instituída e generalizada fez rarear esses perfis mas, ainda existem por aí alguns. Em nome da possibilidade de um melhor futuro seria indispensável que estivessem dispostos a avançar e que tivéssemos o discernimento, independência e coragem de os escolher e apoiar assumindo cada um o papel que lhe cabe na construção dessa transformação que se chama alternativa.

Manuel João Croca   


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