Uma Revista que se pretende livre, tendo até a liberdade de o não ser. Livre na divisa, imprevisível na senha. Este "Estudo Geral", também virado à participação local, lembra a fundação do "Estudo Geral" em Portugal, lá longe no ido século XIII, por D. Dinis, "o plantador das naus a haver", como lhe chama Fernando Pessoa em "Mensagem". Coordenação de Edição: Luís Santos.
quinta-feira, 10 de março de 2011
d´Arte - Conversas na Galeria XXVIII
Musa Óleo sobre Tela 65x54cm
(Clic sobre a imagem para ver pormenores)
Foi uma associação de ideias, que me impeliu a criar esta obra, quando da morte de Raul Solnado.
Entre os programas que apresentou destacou-se pela sua importância, Zip-Zip, o primeiro talk show português. No primeiro programa, a 26 de Maio de 1969, uma segunda-feira, em plena Primavera Marcelista, o convidado principal foi Almada Negreiros, amigo e admirador de Fernando Pessoa. A sua presença na televisão entusiasmou tanto os portugueses que, a partir desse dia, as ruas e as salas de espectáculo ficavam vazias à segunda-feira: ninguém queria perder o programa!
Almada Negreiros editou a revista Orpheu, juntamente com Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro.
Júlio Dantas, a maior figura da intelectualidade institucional da época, afirma que a revista é feita por gente desmiolada. Almada Negreiros responde com o manifesto Anti-Dantas:
... Basta PUM Basta!
Uma geração, que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d’indigentes, d’indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero! Abaixo a geração!
Morra o Dantas, morra! PIM!
No fim assina: POETA D' ORPHEU, FUTURISTA E TUDO.
É inspirado num seu desenho, o quadro que apresento.
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9 comentários:
A musa Eurídice era amiga de Eunice, a filha do contínuo da Velhinha, amigo dele.
Orpheu estava noivo da primeira, mas apaixonou-se pela segunda.
Descoberta que foi a marosca, os ciúmes haveriam de detruir tempos que pareciam felizes.
Eurídice tomou a temida poção mortífera e o desgosto haveria de consumir tudo à sua volta, particularmente, a musa Calíope e do deus-rio Eagro.
Pelo seu lado, consumido pelo desgosto, nunca mais quis outro amor.
Por isso, resguardou-se em escritos mágicos com um grupo de amigos, numa revista meio futurista, pós-modernista.
O nome da revista?
Abraço Mágico.
Boa homenagem, esta que fazes a um Mestre da pintura portuguesa do século passado que na sua vasta obra reflectiu o que se ia fazendo nas Artes do seu tempo e entre nós muito contribuiu para estas figurações humanas que tiveram grandes cultores, se é que se pode usar aqui este termo, como o foram os casos de um Pomar ou de um Cunhal e a que muito bem acrescentas a luz da mesma forma que o fizeram muitos dos maiores dessa época de grande fermentação artística.
Mas desta vez, o texto que acrescentas, ainda que funcionando como uma explicação do trabalho pictórico, vale por si e isso não só pelo que diz mas também pelo que nos induz a pensar.
Era miúdo e por isso não tenho memória dos conteúdos do programa de que falas, o ZIP; mas recordo esse pormenor que referes das audiências, pois lembro-me de toda a família -os adultos é claro- se juntar para o ver e, sobretudo, comentar ou interpretar -estávamos então em tempo de linguagens veladas- o que em ele se dizia. Creio que se poderia dizer que a tal caixinha que mudou o mundo, pelo menos dessa vez, funcionou então como um foco de promoção cultural e cívica.
Curiosamente, o telelixo que é hoje praticamente o discurso dominante no espaço televisivo, é uma das ferramentas que centros -mais ou menos esconsos ou institucionais- de poder usam para subjugar as populações à ditadura de pensamento único e interesses em que vivemos e que, a nível mundial, temos vindo a atribuir eufemisticamente o nome de globalização. Há um estudo muitíssimo interessante de Popper a respeito dos perigos que a televisão representa para a democracia; um programa como o tal Zip que parou um Portugal "(...) à espera de movimento (...)", como as searas do Torga, prova afinal que não tem de ser necessariamente assim. Mas não tenho dúvida que foi aquela um dos instrumentos que os senhores do mundo usaram para transformar o cidadão em consumidor e com isso consagrarem a vitória da lógica do capital financeiro desregulado e rapinador que hoje em dia está atirando a Humanidade para os braços das novas formas de comunismo que o futuro trará.
Importa pois recordar os tempos e as ocasiões em que uma tal tecnologia foi usada a pensar na elevação das pessoas comuns pois, como todas as invenções que não trazendo livros de instruções, sempre estarão dependentes do uso que lhes consigamos dar.
E mais uma vez sustentamos, é no dartear que está o ganho, o mesmo é dizer, o rasgar de horizontes.
Aquele abraço, companheiro
Luís
Luis Santos: O que acabei de ler ajusta-se à sinopse do livro e, quem sabe, do filme, com o título provisório de Orpheu. Terá de ser rodado em Alhos Vedros onde o ar e as pedras têm a nobreza essencial para a atmosfera da história.
As novidades sairão na revista periódica com o nome Orpheu, o nome da primeira revista portuguesa consagrada ao Futurismo, de que só saíram dois números, em 1915. O terceiro número vai sair em Alhos Vedros, a Vila onde se sabe que "O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente."
Abraço,
António
Luís: Como bem dizes, as invenções não trazem livro de instruções, o que sendo um bem, se pode transformar num mal diabólico. Lembro-me, de imediato, da bomba atómica. Indo mais longe neste pensamento, os homens também deviam ter livro de instruções. Continuo na dúvida é sobre quem devia ser o seu autor... Do livro, claro!
:)
Abraço,
António
Quando, como e pela mão de quem é que vai sair o nº3 do Orpheu?
Abraço.
E, já agora, porque me esqueci de dizer, gosto muito do tipo de figura com que nos prendas. Talvez por já ter visto algumas outras, do mesmo género, lá mais atrás. E gosto do pormenor, com que ela, com a sua direita, afaga os longos cabelos entre as pernas.
Viva!
A Arte é uma coisa muito estimulante.
Cria-se e recria-se a cada instante.
Tudo depende dos olhos de quem olha, do coração de quem sente, ...
Olhando para este teu quadro que aprecio bastante, e para além da beleza plástica, entendo-o quase como a representação pictórica daquele poema de Fernando Pessoa que fala da Europa para dizer que o rosto com que olha é Portugal.
Para mim está lá tudo. As cores, enquadradas pelo azul do céu (que também poderá ser mar), o olhar contemplativo, o rosto belíssimo, ...
Enfim a Musa aqui será Portugal e eu não posso deixar de aplaudir.
abraço,
Manuel João
Luis Santos: Nós já fazemos uma revista mensal...
Podemos fazer outra. Duvido que o título Orpheu esteja disponível.
Não será o título o mais importante. L´important, c´est la rose, quero dizer, o conteúdo...
Abraço,
António
MJC: É sempre assim! Fico deliciado com as interpretações que os meus amigos conseguem dar aos pormenores das obras que apresento.
"A Arte é uma coisa muito estimulante.
Cria-se e recria-se a cada instante.
Tudo depende dos olhos de quem olha, do coração de quem sente, ..."
Pois é: Tens olhos aguçados e um coração independente, eternamente apaixonado...
Abraço,
António
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