quinta-feira, 17 de março de 2011

d´Arte - Conversas na Galeria


Olho de Ulisses Autor António Tapadinhas
Óleo sobre Tela 120x120cm

Há uns anos, resolvi fazer uma série com pormenores de embarcações da região, utilizando as suas formas elegantes e funcionais e os elementos decorativos pintados no seu casco, nomeadamente flores, as santas padroeiras, das quais a Nossa Senhora da Boa Viagem é um exemplo, e dos olhos pintados na proa de alguns barcos que, ao contrário do que se poderia pensar, não serve apenas para ornamento. Já na antiga Grécia, desenhar ou gravar olhos nos objectos servia de mágica protecção contra o mau-olhado, para os defender e aos seus donos, das invisíveis forças do mal. Neste caso das embarcações, a sua origem é atribuída a Ulisses, o lendário guerreiro grego.
Não sei se tem algum efeito em termos de protecção, mas que são bonitos, lá isso, são!

5 comentários:

Luís F. de A. Gomes disse...

E assim fazes etnografia com a pintura, trazendo à beleza pormenores de difusão que testemunham uma cultura mediterânica que nós, os portugueses, fizemos chegar ao Atlântico e, afinal, a partir da qual acabámos por nos lançar ao mar para ao mundo acrescentarmos mundos.

É uma alegoria do olhar do Homem que primeiro atentou nas estrelas para se guiar e só muitíssimo mais tarde olhou para dentro de si, quem sabe se para se encontrar, seguramente na mesma inquietação que o levou a pisar outro planeta, ainda antes de ter visto os fundos abissais dos oceanos.

Ora aqui está uma série de pinturas que gostaríamos de ver em exposição, por exemplo, no Moinho de Maré, em Alhos Vedros.

Se pode ser feita não sei, mas que seria uma maravilha, estou certo que sim.

Aquele abraço, companheiro
Luís

A.Tapadinhas disse...

Foi por mero acaso (será?) que eu me interessei e acabei por fazer esta série. Tinha acabado de chegar da Grécia, com a visita obrigatória às suas ilhas, donde tinha trazido aquele olho de vidro que se pendura nas portas, para afastar o mau olhado. Quando vi esse símbolo nas embarcações portuguesas, investiguei um pouco e encontrei a sua origem...

Esta obra foi comprada e sei quem é o seu proprietário. As outras da série estão em meu poder e acho que nunca tiveram honras de exposição. Uma delas, a que penso apresentar a seguir, tem uma estória interessante...

Abraço,
António

A.Tapadinhas disse...

Luís Gomes: Faltou dizer que esta série ainda existe porque, todas as telas, estão pintadas a óleo. Se estivessem pintadas a acrílico, já teriam sido cobertas com uma camada de tinta a servirem de suporte para outro quadro...

É preciso poupar espaço e... dinheiro, porque os "mercados" estão atentos...

Abraço,
António

Luís F. de A. Gomes disse...

Ficamos então aguardando o próximo capítulo tirando o chapéu aos óleos que foram santos; avaliando pela amostra, seria um desperdício a destruição de uma pintura como esta e certamente das que fazem conjunto com ela também.

Resta perguntar aos amigos da CACAV, por exemplo, se não estariam interessados em materializar aquela ideia da exposição. Bem, vou lançar à terra uma tal semente. O que te parece?

Aquele abraço, companheiro
Luís

A.Tapadinhas disse...

Luís: Agradeço o teu entusiasmo.

Prefiro que o guardes até veres o que se vai seguir...

Abraço,
António