quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

d´Arte - Conversas na Galeria LXV


Lisboa Imaginada Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre Tela 90x90cm

Nunca vos aconteceu estarem distraídos com um lápis ou uma esferográfica na mão a fazer gatafunhos e, de repente, tomar consciência do que estavam a fazer e gostar do resultado? Pois esta obra foi o resultado de um desses momentos. Estava a pintar uma tela bastante trabalhosa da Lisboa antiga, e tinha-me concedido um pequeno intervalo. Quando me apercebi que estava a desenhar uma espécie de cerca moura, em que não faltavam a alcáçova e a medina, com ruas íngremes e sinuosas, varandas com flores e águas-furtadas com roupa a secar, imaginei os becos e vielas de Alfama, com a roupa pendurada a secar ao generoso Sol de Portugal. Guardei os rabiscos que, com umas pequenas alterações, serviram para executar esta obra.
Quando a escolhi como pretexto para a nossa conversa semanal,
cheguei à conclusão que nunca esteve exposta. As obras e os artistas têm em comum um destino que não tem nada a ver com o seu valor. Dou dois exemplos: Van Gogh que praticamente não vendeu um quadro em vida; Fernando Pessoa (a minha biografia só tem duas datas, a da minha nascença e a da minha morte - 13.Jun.1888 e 30.Nov.1935) que só muitas eternidades depois da sua morte, começou a ser reconhecido como umm génio da literatura universal...
E agora vou celebrar o que resta da independência de Portugal... enquanto posso!
Imaginem!

2 comentários:

Luís F. de A. Gomes disse...

O que dizes de início foi o proncípio do surrealismo que o Breton, Andre, definiu no manifesto; a produção automática, isto é, aquela que se baseava nos processos de criação inconsciente. Estávamos na época do sucesso afirmativo da psicanálise e tais métodos haveriam de vir a ter aplicação e a abrir caminhos em áreas tão insuspeitas como, por exemplo, a Antropologia, pois foi a partir dos pressupostos de análise das manifestações inconscientes da cultura -as que não dependediam da vontade ou da consciência do Autor- que o Professor Claude Lévi-Strauss haveria de fazer ascender aquele universo de conhecimento ao estatuto de uma disciplina científica com os seus estudos sobre os mitos e os sistemas de parentesco. Diria então que quando te deu esse ímpeto a que te deixas-te obedecer, estavas em boa companhia.
E o resultado é muito interessante, produziu uma composição cheia de elementos de sentido que deixa ao observador a possibilidade de o resscrever tantas quantas vezes quiser ou a imaginação lhe consentir. É um convite à liberdade de pensamento, à liberdade imaginativa o que, sem sombra de dúvida, é e sempre será um dos propósitos -não sou capaz de escrever dever- da Arte.

Aquele abraço, companheiro
Luís

A.Tapadinhas disse...

Ainda bem que existem cientistas, porque sem eles o mundo era muito difícil de explicar às criancinhas e à maior parte dos adultos!

Já não digo o mesmo sobre os críticos de arte porque são incapazes de apreciar uma obra, se não tiverem um nome a suportá-la. E consoante o nome assim a sua iinterpretação/valorização...

Abraço,
António