2º. CADERNO
Estou exausta, de tal maneira que mal me sento no cadeirão da sala me tenho deixado adormecer, como se o recosto tivesse propriedades soporíferas. Nem tenho conseguido ler e mais do que não me apetecer escrever estas páginas, tem sido a falta de espaço mental que a fadiga deixa que me tem impedido de dar a conveniente continuidade a este recado que, afinal, tanto me tem agradado. A verdade é que a diminuição da população activa disponível que a natalidade tem provocado entre nós, acarretou um acréscimo de esforço para todos os outros que, no que particularmente me diz respeito, tem sido feito daquelas rajadas que nos atiram ao chão. Seja como for, o depósito da água está ali, marcando a cota da colina, como diz o bom do Gustavo e não só a estação ou, melhor dizendo, a pequena estação de tratamento está praticamente pronta, como o dique da represa está cada vez mais robusto e perto daquilo que os engenheiros apontam como suficiente. E isto sem me estar aqui a queixar pelo muito que ainda resta por fazer no dia a dia da nossa exploração agrária e que nos tem ocupado de Sol a Sol. E logo agora que os campos andam tão agitados com as faltas que a guerra provoca e a carestia dos bens agrava e o paizinho dá conta das greves que têm sido reprimidas pela polícia em Lisboa e no Barreiro. Mas eu estou tão cansada, tão cansada.
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