quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Solidão de pobre


Lá está o homem esquecido no banquinho
Olhar baço, desfocado
 O cigarro é reciclado
Feridas e cicatrizes de outras feridas
Tatuam mãos rosto e mais o que se não vê
Sob a roupagem curta e esfarrapada.

Quase impaciente, espera, sabe-se lá o quê
Pela vida que ainda não deu por ele
Ou pela morte que não tardará em achá-lo.
Muda de posição
Afaga com uma a outra mão
E com uma delas a castigada face
E nas memórias não encontra outros afagos
Talvez somente os da brisa de alguma manhã.
Espera este homem por alguém que nunca chega
Que nunca chegou, nem em sonhos.

Lágrimas desembaciam-lhe os olhos
Num gesto de  alento põe-se de pé
Ao ouvir uma voz chamá-lo
para um  café.



Dores Nascimento
Abril 2012




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