Uma Revista que se pretende livre, tendo até a liberdade de o não ser. Livre na divisa, imprevisível na senha. Este "Estudo Geral", também virado à participação local, lembra a fundação do "Estudo Geral" em Portugal, lá longe no ido século XIII, por D. Dinis, "o plantador das naus a haver", como lhe chama Fernando Pessoa em "Mensagem". Coordenação de Edição: Luís Santos.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Solidão de pobre
Lá está o homem esquecido no banquinho
Olhar baço, desfocado
O cigarro é reciclado
Feridas e cicatrizes de outras feridas
Tatuam mãos rosto e mais o que se não vê
Sob a roupagem curta e esfarrapada.
Quase impaciente, espera, sabe-se lá o quê
Pela vida que ainda não deu por ele
Ou pela morte que não tardará em achá-lo.
Muda de posição
Afaga com uma a outra mão
E com uma delas a castigada face
E nas memórias não encontra outros afagos
Talvez somente os da brisa de alguma manhã.
Espera este homem por alguém que nunca chega
Que nunca chegou, nem em sonhos.
Lágrimas desembaciam-lhe os olhos
Num gesto de alento põe-se de pé
Ao ouvir uma voz chamá-lo
para um café.
Dores Nascimento
Abril 2012
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