SÓCRATES DÁSKALOS (1921, Huambo – 2002, Lisboa)
Filho de pai grego e de
mãe portuguesa, este angolano nascido no Huambo é senhor de um riquíssimo e
agitado percurso político: fundou a Associação
Académica do Huambo e a OSA/Organização
Socialista de Angola, desmantelada pela polícia colonial em 1941; ainda
nesse ano fundou em Lisboa a Casa dos
Estudantes de Angola, embrião da Casa
dos Estudantes do Império. Foi membro do MUD-Juvenil da Faculdade de
Ciências de Lisboa.
Em 1952 regressou ao
Huambo onde trabalhou como agrimensor particular por lhe ter sido vedado o
acesso a lugares no Estado. Só em 1957 conseguiu o ingresso no corpo docente do
Liceu de Benguela.
Em 1961, juntamente com
Fernando Falcão, Aires de Almeida Santos, Luís Portocarrero, Carlos Costa e
Manuel Brazão Farinha, entre outros, fundou a FUA/Frente de Unidade Angolana. Foram todos presos e deportados para
Lisboa. Em 1962 exilou-se em França e organizou a FUA no exílio transferindo-se
para Argel. Aí manteve contactos com outros exilados políticos, nomeadamente o
general Humberto Delgado.
Em 1965 esteve na China
com Gentil Viana, Viriato da Cruz, Carlos Morais e Onésimo da Silveira, durante
a Revolução Cultural, até 1968.
De 1969 a 1972 esteve
na Guiné-Conakri colaborando com o PAIGC.
Quando se deu o 25 de
Abril encontrava-se como professor em Daloa, na Costa do Marfim.
Regressado a Angola foi
seu representante na Comissão de
Descolonização da 29ª Assembleia Geral da ONU. Foi Governador de Benguela,
director da Sorefame (hoje Lobinave) e membro do Conselho da República de
Angola até 1992.
Uma vida destas tinha
que dar um livro, o que acabou por acontecer: intitula-se “DO HUAMBO AO HUAMBO
– UM TESTEMUNHO PARA A HISTÓRIA DE ANGOLA” e foi editado pela Vega em 2000.
Desta autobiografia, aconselhável
a todos os títulos para quem queira conhecer um pouco mais da História de
Angola, deixo-vos um excerto do Prefácio escrito por Manuel Rui:
“(…) A história tem de
ser escrita. Mesmo por cima de todos os acordos de paz ou de guerra. O que se
passou foi que todos os urbanos foram mortos ou tiveram que abandonar a cidade,
várias vezes, e a ela regressando outras várias até ao cansaço que faz
desistir. E os camponeses, pela força da metralha, tiveram que fugir do campo –
salvo poucos que mesmo assim inquinaram a demografia de Luanda – e eles nunca
tiveram a hipótese de apanhar o avião para o estrangeiro. E não tiveram outro
remédio que não fosse ocupar a cidade. O resto, na desgraça que estivemos com
ela e ainda estamos, tudo isso está neste livro.”
Tomás Lima Coelho
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