sábado, 20 de julho de 2013

Livros d'África



SÓCRATES DÁSKALOS   (1921, Huambo – 2002, Lisboa)

Filho de pai grego e de mãe portuguesa, este angolano nascido no Huambo é senhor de um riquíssimo e agitado percurso político: fundou a Associação Académica do Huambo e a OSA/Organização Socialista de Angola, desmantelada pela polícia colonial em 1941; ainda nesse ano fundou em Lisboa a Casa dos Estudantes de Angola, embrião da Casa dos Estudantes do Império. Foi membro do MUD-Juvenil da Faculdade de Ciências de Lisboa.
Em 1952 regressou ao Huambo onde trabalhou como agrimensor particular por lhe ter sido vedado o acesso a lugares no Estado. Só em 1957 conseguiu o ingresso no corpo docente do Liceu de Benguela.
Em 1961, juntamente com Fernando Falcão, Aires de Almeida Santos, Luís Portocarrero, Carlos Costa e Manuel Brazão Farinha, entre outros, fundou a FUA/Frente de Unidade Angolana. Foram todos presos e deportados para Lisboa. Em 1962 exilou-se em França e organizou a FUA no exílio transferindo-se para Argel. Aí manteve contactos com outros exilados políticos, nomeadamente o general Humberto Delgado.
Em 1965 esteve na China com Gentil Viana, Viriato da Cruz, Carlos Morais e Onésimo da Silveira, durante a Revolução Cultural, até 1968.
De 1969 a 1972 esteve na Guiné-Conakri colaborando com o PAIGC.
Quando se deu o 25 de Abril encontrava-se como professor em Daloa, na Costa do Marfim.
Regressado a Angola foi seu representante na Comissão de Descolonização da 29ª Assembleia Geral da ONU. Foi Governador de Benguela, director da Sorefame (hoje Lobinave) e membro do Conselho da República de Angola até 1992.

Uma vida destas tinha que dar um livro, o que acabou por acontecer: intitula-se “DO HUAMBO AO HUAMBO – UM TESTEMUNHO PARA A HISTÓRIA DE ANGOLA” e foi editado pela Vega em 2000.

Desta autobiografia, aconselhável a todos os títulos para quem queira conhecer um pouco mais da História de Angola, deixo-vos um excerto do Prefácio escrito por Manuel Rui:
“(…) A história tem de ser escrita. Mesmo por cima de todos os acordos de paz ou de guerra. O que se passou foi que todos os urbanos foram mortos ou tiveram que abandonar a cidade, várias vezes, e a ela regressando outras várias até ao cansaço que faz desistir. E os camponeses, pela força da metralha, tiveram que fugir do campo – salvo poucos que mesmo assim inquinaram a demografia de Luanda – e eles nunca tiveram a hipótese de apanhar o avião para o estrangeiro. E não tiveram outro remédio que não fosse ocupar a cidade. O resto, na desgraça que estivemos com ela e ainda estamos, tudo isso está neste livro.”




Tomás Lima Coelho


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